sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Governo: investidor, assume os riscos, inovador - Mariana Mazzucato

Ótimo vídeo da economista e professora Mariana Mazzucato sobre a falácia do neo-liberalismo. A italiana, que é professora da Universidade de Sussex, no Reino Unido, deixa claro que não existe grande empresa sem incentivo governamental, mesmo que eles sejam disfarçados de mil maneiras.

E sem grande empresa não existe concorrência internacional, nem desenvolvimento tecnológico, que também é promovido e incentivado pelos governos.

Essa historinha de que o governo não deve intervir na economia não é verdade. Isso sim é mito.

Vejam o vídeo e entendam.

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

E segue a entrega do país ao estrangeiro

E essa passou os limites do absurdo.

A Embraer começava a incomodar a gigante norte-americana. Fatias consideráveis de mercado, e inclusive no país-sede da Boeing, além de provável crescimento, levam a essa absurda aquisição. De forma barata a Boeing adquire uma tecnologia que teria que desenvolver, de quebra ainda garante a retirada de um potencial concorrente a suas aeronaves de grande porte e de aviões de combate num futuro médio.

Negócio da China?

Não, negócio de golpistas entreguistas.

É o Brasil indo pro ralo. E tem candidato dito nacionalista que presta continência a isso tudo.

Sex , 06/07/2018 às 21:50

Investidor reclama na CVM que operação Boeing-Embraer tenta burlar OPA

 Renata Batista
O consultor em governança corporativa Renato Chaves protocolou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) uma reclamação formal contra a operação entre Embraer e Boeing. Ele é acionista da empresa brasileira e participou de sua reestruturação em 2006, quando era diretor da Previ (fundo de pensão do BB). Agora, acha que a chamada joint-venture mascara uma aquisição de controle que está saindo barata para a Boeing, e cara para os acionistas da fabricante brasileira. Pelo estatuto da Embraer, deve haver uma Oferta Pública de Aquisição (OPA).
"A Embraer perde uma posição de destaque, deixa de ser comandante para virar passageira. Já a Boeing encontrou uma forma inteligente de não gastar dinheiro e ter um conhecimento que levaria anos para construir. Desenvolver uma área de aviões comerciais como é a Embraer hoje levaria uns cinco anos", afirma, lembrando que só a homologação de um avião leva cerca de dois anos.
A CVM pode aceitar ou não a reclamação do investidor e, mesmo que aceite, não necessariamente determinará a realização da OPA. Para Chaves, "erros na comunicação" feita pelas duas empresas aumentam as chances de sucesso no órgão regulador do mercado capitais.
Apesar do esforço para qualificar a modelagem como joint venture, vários pontos do comunicado reforçam o papel de compradora da Boeing. Notícias publicadas no site da Embraer e o próprio fato relevante falam em "aquisição" pela norte-americana das ações da empresa que será criada, indicam que terá "controle operacional e de gestão da nova empresa".
"A operação em si nasceu torta, e erros de comunicação agravam a situação", diz. O acionista não pretende questionar a associação, mas o modelo escolhido. Ontem, ao ler as primeiras informações, ele diz ter se surpreendido com a transferência para a nova empresa - de capital fechado, na qual a Embraer deterá apenas 20% - das atividades de aviação comercial, segmento no qual a companhia brasileira é líder global e que representa a maior parte de sua receita. Ao analisar toda a documentação, outros pontos chamaram a atenção do ex-diretor da Previ.
Ele coloca em dúvida a avaliação dos ativos que serão aportados na nova empresa. A Embraer entra com ativos já consolidados no mercado, que representam 85% de sua receita, e a Boeing, com "as operações de desenvolvimento comercial, produção, marketing e serviços de suporte", mas a brasileira terá apenas 20% de participação na joint venture. Além disso, o período de 10 anos em que as empresas não poderão vender suas participações aumenta, em sua opinião, a fragilidade da Embraer, que pode ver 80% de sua receita se transformar em uma empresa sem ativos, já que os projetos de aviões comerciais aportados estarão depreciados ao final do contrato e não há segurança de que novos projetos terão sido desenvolvidos.
"Também não está claro nos comunicados se a aviação executiva será transferida para a nova empresa, o que deixaria a Embraer só com a área de Defesa", completa, frisando que, quando fala em aviação comercial, a Embraer se refere a tudo o que não é Defesa.

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

〖ELEIÇÕES 2018〗ENTREVISTA COM CIRO GOMES NO JORNAL NACIONAL

Como já previsto, o Jornal Nacional não estava ali para entrevistar Ciro, mas simplesmente para tentar desestabilizar, para tentar minar a campaha do candidato. Bonner e Vasconcellos buscaram de toda forma mostrar incongruências do candidato, tentando colocar pechas que não são dele, como por exemplo a união da esquerda. Vejam, Ciro jamais disse que buscava o apoio do PT no primeiro turno, mas sempre afirmou que faria isso no segundo turno. Agora, se partes do próprio PT abrem a possibilidade do apoio, você senta e conversa.

Dessa forma a entrevista não foi na busca das propostas do candidato, e quando isso foi tratado, as soluções apresentadas foram taxadas de complicadas, difíceis, quase utópicas.

E isso deverá ocorrer com todos os que forem à arena global, porque a ideia não é entrevistar ninguém, mas tentar desestabilizar as candidaturas.

A exceção deverá ser com Geraldo Alkimin, onde só não pedirão autógrafos.

De qualquer forma a participação do candidato foi boa, e conseguiu apresentar algumas propostas. Conseguiu sair até da questão da negociação com o tradicional fisiologismo da política brasileira, mostrando que os 3 dos 4 primeiros colocados na pesquisa não estão coligados a grandes partidos. Então, onde está o erro?

Que os eleitores se lembrem disso, e votem para o Congresso em candidatos dentro dos espectros do candidato.


terça-feira, 28 de agosto de 2018

Subsídio e incentivo a indústria automobilística

Muito incentivo para pouco retorno ao país. Na verdade, não vejo em que o país pode realmente se beneficiar. Melhor seria que se investisse em uma marca nacional que tivesse credibilidade. Da forma como foi feita, a Rota 2030 beneficia empresas estrangeiras, aumenta o déficit fiscal, não garante empregos, não garante domínio tecnológico, e incentiva importações.

Os verdadeiros beneficiados estão fora do país. O Brasil mais uma vez ficará com as migalhas.

E a notícia também saiu na grande mídia.



Rota 2030 concede R$ 1,5 bi a montadoras

Crédito tributário será destinado a fabricantes que invistam em pesquisa e desenvolvimento no país

CLAUDIO BELLI/VALOR
Antonio Megale: Setor queria mais desconto, mas “entende” restrição fiscal

O governo assinou ontem a medida provisória (MP) que cria o Rota 2030, programa de benefícios para o setor automotivo. Um dos principais itens do pacote é o crédito tributário de até R$ 1,5 bilhão para empresas que invistam em pesquisa e desenvolvimento (P&D) no país. Além disso, o governo reduzirá o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) de forma imediata para carros híbridos e elétricos. Também haverá menor tributação a partir de 2023 para carros a combustão que cumpram metas de eficiência energética.
O programa ficou mais de um ano em discussões internas no governo e chegou a ser prometido para fevereiro, mas sem o lançamento a indústria passou a duvidar que alguma medida realmente sairia do papel. O motivo para o atraso se deveu a sucessivos embates entre os ministérios da Fazenda e o da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) — o primeiro de visão mais liberal e o segundo, mais desenvolvimentista.
Há cerca de um mês, os técnicos do governo haviam finalmente chegado a um consenso. No entanto, conforme apurou o Valor, o debate sobre o programa voltou à mesa de negociação depois que representantes da Receita Federal resolveram fazer suas sugestões na modelagem. A partir daí, um novo texto foi feito e o pacote foi novamente encaminhado à análise jurídica da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), cujos representantes tiveram ficar fechados em reuniões às vésperas do anúncio para concluir o trabalho.
Segundo avaliação de pessoas que participaram da modelagem, houve equilíbrio entre as propostas da Fazenda, do Mdic e do setor automotivo. Representantes do governo dizem também haver “zero preocupação” com potenciais contestações acerca do programa na Organização Mundial do Comércio (OMC), que condenou o pacote de incentivo anterior, o Inovar-Auto.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

"Plano" de governo de Jair Bolsonaro

O candidato a presidente Jair Bolsonaro lançou seu plano de governo. Abaixo transcrevo o artigo da revista Forum, que dá suas impressões sobre o documento. No final do texto há um link para quem quiser se aprofundar no plano do candidato.

Pessoalmente achei superficial, passando muito mais por um manifesto ideológico do que por um plano de governo. 

14 DE AGOSTO DE 2018, 19H57

Plano de governo de Bolsonaro mais parece um grupo de Whatsapp de direita em forma de documento

Em 81 páginas, o plano de governo de Jair Bolsonaro não apresenta soluções concretas para os problemas do país, fala o tempo todo de "Deus" e se apega a discursos vazios como "acabar com a doutrinação marxista" e a influência do "Foro de São Paulo"; ao falar de segurança, o candidato chama o golpe de 1964 de "revolução", propõe porte de arma aos cidadãos e redução da maioridade penal. Saiba mais:

Jair Bolsonaro (PSL-RJ) oficializou, nesta terça-feira (14), sua candidatura à presidência da República e divulgou seu plano de governo. Intitulado “O caminho da prosperidade”, o plano do deputado federal para o país mais parece um grupo de Whatsapp de direita em forma de documento, com ideias superficiais, sem propostas concretas para resolver os problemas do país, acusações infundadas à esquerda e ao PT, menção à “Deus” o tempo todo e teses conspiratórias que sequer são levadas a sério pela direita liberal e que só são observadas entre os apoiadores que chamam Bolsonaro de “mito”, como a “doutrinação marxista”, segundo o candidato, presente no Brasil, ou a influência do “Foro de São Paulo”.
Com um versículo bíblico, o plano do militar da reserva começa com a proposta de um governo “decente” e com a defesa da propriedade privada. “Seu celular, seu relógio, sua poupança, sua casa, sua moto, seu carro, sua terra são os frutos de seu trabalho e de suas escolhas! São sagrados e não podem ser roubados, invadidos ou expropriados!”, diz o documento.
O plano segue fazendo uma enfática defesa da “família” e salientando que o candidato é contra “qualquer regulação ou controle social da mídia” – dizendo, em outras palavras, que manterá os monopólios e oligopólios midiáticos que sufocam a pluralidade de opiniões no Brasil.
As teorias conspiratórias típicas de grupos de Whatsapp começam a ganhar mais destaque no plano de governo de Bolsonaro quando é citado que nos últimos 30 anos o país esteve submetido ao “marxismo cultural e suas derivações como o gramcismo”, que teriam, segundo o candidato, minado “os valores da Nação e da família brasileira”. O documento não chega a dizer que “a nossa bandeira jamais será vermelha”, como dizem alguns reacionários que remetem ao período da Guerra Fria, mas usa outras palavras: “Queremos um Brasil com todas as cores: verde, amarelo, azul e branco”.
O plano de governo segue com uma narrativa falaciosa ao afirmar que o Brasil foi governado pela esquerda nos últimos 30 anos e afirma que um eventual governo de Bolsonaro “enfrentará o viés totalitário do Foro de São Paulo” que, segundo o candidato do PSL, teria “enfraquecido as instituições democráticas”. Sobre o Foro de São Paulo, saiba informações mais precisas nesta matéria da Fórum.
Economia
Ao introduzir o assunto “economia” no plano de governo, Bolsonaro segue com mais imprecisões: o candidato afirma que o Brasil “nunca” adotou, em toda a sua história, os princípios liberais que, segundo ele, serão mote de sua gestão na área econômica. O militar da reserva só não citou, no entanto, que os governos de FHC nos anos 90 foram marcados pelas privatizações, uma das principais marcas do liberalismo econômico. O deputado federal, inclusive, reafirma que trabalhará com as privatizações, sem especificar, no entanto, quais empresas e nem quantas pretende privatizar.
Neste ponto, o plano de governo credita ao “legado do PT”, de “ineficiência e corrupção”, o fato de que há uma previsão de déficit primário de R$139 bilhões para 2019, utilizando um gráfico que mostra a evolução do déficit desde 2015. O próprio gráfico, no entanto, desmente o candidato quanto ao “legado do PT”. O déficit começa a crescer, de fato, a partir de 2015, ano em que Dilma Rousseff assume seu segundo mandato e começa a ter seu governo paralisado pela oposição, que não aceitou o resultado das eleições. No ano seguinte, Dilma sofreu o impeachment que Bolsonaro apoiou e o déficit seguiu aumentando, como mostram os dados apresentados pelo próprio candidato.
Segurança Pública e elogio à ditadura
Com relação à Segurança Pública, Bolsonaro propõe, em seu plano de governo, medidas que tradicionalmente constam naqueles grupos de Whatsapp de direita e que têm pouco ou quase nenhum fundamento prático: fim dos “saidões” – permissão que presos têm para deixar a cadeia em datas como o dia das mães e o dia dos pais -, redução da maioridade penal para 16 anos e, claro, a facilitação do porte de arma. Até mesmo as frases de seu plano de governo remetem à bordões da direita populista: “Prender e deixar na cadeia!”.
Quanto ao porte de arma, o plano de governo de Bolsonaro cita a experiência de países com contexto social completamente diferente, como Suécia, Noruega e Finlândia.
Ainda no trecho em que fala sobre Segurança Pública, o candidato propõe criar um panteão homenageando os policiais mortos em ações na rua e faz uma homenagem às Forças Armadas do Brasil por terem impedido um “golpe comunista” com o que ele chamou de “Revolução de 1964”.
Educação
Na parte de Educação, a principal proposta de Bolsonaro é, mais uma vez, uma reprodução do discurso vazio antipetista: acabar com a “sexualização e doutrinação precoce” nas escolas.
Confira a íntegra do “plano de governo de Whatsapp” aqui.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Alkimin é o verdadeiro seguimento de Temer

Mas Meirelles também é. só que com muito menos apoio do próprio governo.

E a entrevista aí embaixo, é o que deu tanta alegria a Ciro Gomes, que foi colocado claramente como a verdadeira oposição a Temer. enquanto o PT foi colocado em cima do muro, e os outros no apoio ao governo, ainda que alguns de forma mais radical.

Temer de uma tacada só deixou claro quem é continuação, e quem é realmente contra o que está se fazendo no país, o entreguismo desenfreado, as negociatas, e a destruição do país como nação soberana.

A propósito, o usurpador diz não querer se meter na política, mas só faltou dizer, "votem em Alkimin". E ainda disse que facilitará a transição, mas só se concordar com o eleito. Ou seja, faz campanha, e já começa a atrapalhar qualquer um que não concorde com a destruição promovida por ele.

Agora façam suas análises.

A entrevista está no link abaixo.

Quem o governo apoia? Parece que é o Alckmin, né?, diz Temer

Presidente ressalta que partidos que votaram a favor de reformas vão continuar no governo se tucano vencer


quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Mais uma do (des)governo Temer

E olha aí o resultado do ex-presidiário Roberto Jefferson indicando ministro no governo do usurpador. Fica muito claro que prisão não corrige esses caras. Tem que haver a devolução de toda a grana roubada, inclusive com perda do patrimônio, se necessário.

Talvez isso comece a coibir um pouco a roubalheira no país.

A propósito, a notícia abaixo foi tirado do site nocaute, mas também foi veiculada pela grande imprensa. Prefiro usar a mídia alternativa.

O Supremo Tribunal Federal determinou o afastamento do ministro do Trabalho, Helton Yomura (PTB), e a prisão preventiva do chefe de gabinete, Júlio de Souza Bernardes. As medidas fazem parte da Operação Registro Espúrio, que investiga a cobrança de propina e de apoio político em troca de concessões de registros sindicais.
Também está entre os alvos o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP). Ordens de prisão foram cumpridas contra o superintendente do ministério no RJ, Adriano José Lima Bernardo, e o assessor de Marquezelli, Jonas Antunes Lima.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o PTB e o Solidariedade então no centro das investigações.
As decisões foram acatadas pelo ministro do STF Edson Fachin, a pedido da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República, segundo a qual “os investigados utilizam os cargos para viabilizar a atuação da organização criminosa e para solicitar tratamento privilegiado a processos de registros sindicais”.
Yomura e Marquezelli estão proibidos de frequentar a pasta e ter contato com servidores.
Há ainda em curso dez mandados de busca e apreensão no Rio e em Brasília.
Na segunda etapa da operação, em junho, a PF fez buscas no apartamento da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha do presidente nacional do partido, Roberto Jefferson.
Padrinho político de Yomura, Jefferson antes tentou emplacar a nomeação de Cristiane para o ministério do Trabalho, mas foi impedido pelo STF.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Debate da RedeTV

Antes de tudo vamos esclarecer que os modelos adotados pelos debates são muito ruins. Não há como que sejam dadas respostas descentes para temas complexos de economia, segurança, saúde, etc. em 1 min ou 45 seg. Um dos motivos é o excesso de candidatos, alguns sem nenhuma representatividade, e isso é o problema, mas a Lei Eleitoral obriga a isso. Um debate mais racional deveria ser proposto.

Basicamente o segundo debate entre presidenciáveis seguiu a toada do primeiro, mas algumas coisas o diferenciaram, mesmo que timidamente. O embates já se fizeram presentes, mas de forma tímida, até mesmo devido a falta de tempo para apresentação de ideias e propostas. Nesse ponto os dois que estavam absolutamente fora de sintonia eram Bolsonaro e Cabo Daciolo, que além de apontar problemas, não apresentaram nada. Bolsonaro então é decepcionante, ao não fazer ideia de problemas complexos da Nação, mesmo estando a mais de 25 anos no Congresso Nacional. O Cabo não fica atrás, e a surpresa de seu discurso exotérico e de certa forma lunático, já não foi mais surpresa ao público.

Mas algumas coisas começam a se definir. Ciro Gomes começa a marcar território como oposição ao governo do usurpador e a Alkimin, apontado pelo próprio usurpador como sendo o candidato governista. Marina parece ter resolvido assumir a tarefa de atacar as posições de Bolsonaro. Boulos segue tendo posições interessantes, mas pouco apoio e pouco interesse dos outros candidatos devido sua posição nas pesquisas. Os outros seguem sendo apenas participantes caricatos e sem carisma.

Como disse, ao menos esse debate já começou a definir melhor algumas estratégias e alguns posicionamentos. Mas estamos ainda muito longe de possibilitar definições de votos com base em declarações relâmpagos, e posicionamentos superficiais.

Quem sabe mais para a frente?

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Golpe tenta se prolongar mesmo fora do poder

Texto de Roberto Amaral, um pouco grande, mas a leitura vale muito a pena. A ideia dos golpistas é deixar terra arrasada, e tentar que não haja retorno, pelo menos não retorno fácil. Quem assumir, se quiser deixar um país melhor, vai ter que ter muito peito e desfazer muita coisa, refazer muita coisa, e blindar para que algo do tipo não volte a acontecer.

E a melhor blindagem que se pode ter é democracia plena e verdadeira.

A ressaca do golpe e a política que inviabiliza a reorganização nacional, por Roberto Amaral

Foto: Agência Brasil
Por Roberto Amaral
O rol dos crimes da súcia que tomou de assalto o governo na ressaca do impeachment – instrumento de um golpe de Estado bem mais profundo do que sugerem as aparências – registra a cada dia uma nova façanha.
É o coroamento de uma política de terra arrasada cujo objetivo é inviabilizar a reorganização nacional que pode emergir das eleições de outubro próximo como um clamor, se os deuses do Olimpo imperscrutável finalmente se apiedarem deste país falho em lideranças, pobre de sonhos e temente do futuro.
Os que não entendem o desafio não conseguem formular a alternativa oferecida pela experiência histórica, nossa e de outros povos em momentos similares, a saber, a construção da unidade política, mãe e pai da unidade eleitoral, desta feita e como sempre a alternativa de que dispõem as forças populares para constituir e desconstituir governos, no regime da democracia representativa.
Do geral da ação nociva do governo, ilegítimo pela origem e ilegitimado pela repulsa popular, ressaltam, de braços dados, a desorganização da economia e a destruição daquela ordem social que tenta harmonizar em níveis suportáveis, mas ainda longe mesmo da socialdemocracia, a dominação de classe.
Alguns de seus instrumentos são a legislação protetora do trabalho, virtualmente revogada, e a previdência social, ameaçada, como o SUS e os benefícios sociais de um modo geral. É nesse complexo que se explica a crise da indústria e a desnacionalização de nosso parque manufatureiro seguida  da desmontagem de setores estratégicos para o desenvolvimento do país, e sua soberania.
Por isso, após desfolhar a Petrobras e praticamente entregar às petrolíferas internacionais a exploração do pré-sal, comprometendo  já o consumo interno, volta-se agora o governo para a destruição do sistema Eletrobras.
Finalmente, e  para nos atermos a alguns poucos itens, logra a ordem ilegítima, com a inestimável colaboração dos grandes meios de comunicação, a desmoralização da política (o que começa a preocupar nossos velhos e atrasados liberais), e a desorganização do Estado, de que resulta a mais grave crise da história republicana, porque questiona a legitimidade de todos os Poderes. A institucionalidade entrou em pane e caminha para o colapso. 
Dos muitos crimes da hora presente destaco a intervenção militar no Rio de Janeiro. Trata-se de crime contra a Federação, contra a população fluminense e, principalmente, contra as próprias Forças Armadas.   
O fracasso da intervenção, antevisto e anunciado, previsto como o passar das horas e certo como o correr dos dias, repetindo fracassos anteriores, igualmente anunciados, põe em xeque a imagem profissional do militar brasileiro.
Essa intervenção desastrada vem colecionando erros estratégicos e táticos e o grande saldo, se assim pode-se dizer, é, até aqui, o aumento da violência (que deveria estancar) e do número de vítimas civis, sempre moradores de favelas e periferias, atacadas como territórios do inimigo. 
Suas vítimas, como de regra, contam-se quase sempre pobres e negros, vistos por nossas elites e seus agentes como cidadãos de segunda classe. Uns, em suas casas, nas vielas, em suas escolas, acocorados atrás de paredes, nos bares, são atingidos pelo que a crônica policial resolveu chamar de 'bala perdida', ou seja, fenômeno que deve ser assimilado como mera fatalidade; outros caem em confrontos e muitos outros simplesmente 'estavam na hora errada no lugar errado'. 
No mais recente emprego da tropa, as Forças Armadas, associadas às bem conhecidas polícias civil e militar fluminenses, cumprindo mandados judiciais de prisão (nenhum procurado foi encontrado, assinale-se) eliminaram sete pessoas. Dentre elas, uma criança de 14 anos que, uniformizada,  seguia rumo à escola.
O tiro de fuzil partiu de um blindado (sim, usam-se blindados contra a população civil, como se usam tanques de guerra e helicópteros) e os policiais e militares, contam as assustadas testemunhas, ainda retardaram, por "questões de segurança", a subida de socorro médico; ensejaram mortes, em outras condições, evitáveis. 
Alguém foi atingido, não por uma "bala perdida". Nem corria em meio a uma troca de tiros. Atingiu-o projétil de trajetória certa, houve mira, um gatilho foi conscientemente acionado contra uma criança. Os assassinatos se somam por despreparo e desprezo humano.
Outra questão – bem diversa, conquanto igualmente agônica — é a necessidade do combate sem tréguas ao crime, todo ele, mas principalmente àquele que mais aflige a população, o chamado 'crime organizado' e suas terríveis ramificações no aparelho público em geral, e suas ainda mais terríveis, porque poderosas, conexões com o mercado globalizado, com o tráfico internacional e os paraísos fiscais. Trata-se de complexo tão poderoso, econômica, política e estrategicamente, que já se constitui em um Estado dentro do Estado, nos avisando de que amanhã poderemos ser o México de hoje. 
Afora os néscios e os muito sabidos, como os plantonistas dos programas de rádio e de televisão, alguém acreditará que as ações dessa rede de gangsteres é comandada a partir da Favela da Maré? 
Não se discute o combate à marginalidade, mas, nesse combate, o papel atribuído às Forças Armadas. 
Na agonia do governo Temer, os militares são chamados a intervir na vida civil, desta feita com a tarefa de 'subir os morros' e reprimir o tráfico que alimenta a violência generalizada e organiza o crime. Nossas tropas são formadas por jovens recrutas, muitos oriundos das favelas em que agora vão atuar como policiais destreinados e mal-equipados, material e psicologicamente, todos expostos ao contágio da convivência com o submundo do crime que já corrompeu setores significativos do aparelho policial.
Há uma incompatibilidade insanável entre as funções do militar – condicionado para destruir sem se perguntar nem o quê nem o por quê, treinado para neutralizar ou eliminar inimigos (e para tal há que odiá-los!) e o papel do policial civil, teoricamente destinado a proteger a cidadania. 
A intervenção, por essas e outras razões,  não deu certo, e jamais poderia dar certo; seu resultado, além de nulo, é pernicioso para a Instituição e para cada soldado em particular, seja recruta ou oficial,  pois, ademais,  a missão de capitão do mato moderno  o avilta.  
Estamos vivendo – semeando para amanhã uma crise dentro da corporação – uma distorção que, não obstante gravíssima, foi sempre requerida pelas elites dominantes.
No Império, quando o escravismo não tinha mais condições de mascarar sua exaustão, o latifúndio autocrata exigiu que o Exército fosse posto a campear pelos matos à procura de cativos foragidos. A ordem não chegou a ser ditada porque o Marechal Deodoro da Fonseca teria prevenido seus superiores de que ela não seria cumprida.
Essa resistência, porém, se esboça apenas depois que as tropas, vencedoras, retornam do Paraguai,  mas já nos primeiros anos da República, quando exercerá preeminência sobre os Poderes republicanos,  o Exército é o agente do infame massacre dos camponeses de Canudos.
Ao tempo da Guerra Fria, a hegemonia dos EUA impôs  às Forças Armadas, sem resistência, o papel de auxiliares de sua estratégia global no enfrentamento da URSS: "cuidem de seus problemas que da ameaça externa cuidamos nós".
Em outras palavras: Para quê Forças Armadas? Superado o conflito com a debacle da URSS, o papel de nossas Forças, novo ditado dos EUA, seria o de combater o narcotráfico, missão que a ditadura recusou, sem, porém, hesitar em colocar os militares a serviço da repressão contra a insurgência contestatória.  Era a doutrina do 'inimigo interno' opção política, ideológica e estratégico-militar editada pela Escola Superior de Guerra, depois de formulada pela Escola das Américas, mantida pelos EUA no Panamá.
Mutatis mutandis, a história se repete, quando, abandonando seu papel constitucional - a segurança nacional, nossa independência, a integridade de nossas fronteiras, nossa projeção internacional, enfim, a garantia de nossa defesa em face de um eventual agressor externo - , as Forças Armadas são chamadas  a eleger como alvo,  de novo, o 'inimigo interno', desta feita o submundo do crime, organizado por narcotraficantes e suas dependências.
E a história se repete, sem que vozes democráticas patrocinem a necessária formulação de uma política de segurança pública à altura dos desafios presentes, porque, desde a redemocratização de 1985, optaram as esquerdas - ainda olhando para o regime decaído - por deixar de lado a discussão do desafio, como se ele fosse de interesse apenas de especialistas, ou disciplina do currículo privativo de militares, e assim o tema foi ora relegado a plano secundário, ora elevado à categoria de tabu. Não é, não pode ser, numa democracia, nem uma coisa nem outra.
Nas megalópoles do planeta, pois a violência urbana não é uma especificidade nossa,  trata-se   de questão que interessa a todos pois a todos diz respeito e assim é  objeto de reflexão e análise política e acadêmica, pois sua simplificação, leva a mais e mais matanças, sempre de pobres. Mas entre nós,  ao invés de promovermos políticas de proteção da cidadania, estimula-se a repressão pela repressão que tende a consagrar-se num direito reacionário, penalista, punitivista, tão ao gosto de um Judiciário classista e autoritário, como este nosso de hoje.
 Na sua esteira, esvai-se a democracia.
Enquanto isso, e talvez por isso mesmo, relega o governo a plano secundário os projetos estratégicos, não apenas os de ordem econômica, mas igualmente aqueles que olham para a segurança nacional, como o programa espacial, destruído, e cujo enterro sem pompa será a entrega da base de Alcântara, no Maranhão, aos EUA, que dela não precisam, mas que, tendo-a, impedem que a tenhamos.
Como a destruição da indústria aeronáutica militar, mediante a venda da Embraer, como a paulatina mas perseverada política de esvaziamento da construção de nossos submarinos, convencionais e de propulsão nuclear, como o arquivamento do projeto de defesa aérea.
Como se vê, tudo tem lógica.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Como vai ficar?

Problemas sérios nos EUA. A sala onde foi gravada a conversa da demissão, a Situation Room, era considerada a mais segura na Casa Branca. Aqueles que a frequentavam não eram revistados, mas só entravam pessoas de estrita confiança dos presidentes americanos. Mesmo assim Omarosa Manigault Newman fez várias gravações na sala, e suspeita-se do próprio presidente.

Agora vamos ver como fica a situação, já que seria crime gravar o presidente americano sem sua autorização.

Os políticos e a justiça americana vão seguir as Leis, ou vão utilizar as informações conseguidas de forma irregular e ilegal para atacar o presidente, que já mostrou de várias formas que está propenso a esquecer essas mesmas leis.

E quanto a "gravadora", o que acontecerá com ela?

A chamada "maior democracia do mundo" está em cheque.



Omarosa e Trump em setembro de 2016. Omarosa era uma das aliadas do presidente, mas agora critica-o em livro

Ex-conselheira de Trump não gravou só o 

despedimento. E isso preocupa Washington


Omarosa divulgou este domingo o áudio da reunião com o chefe de gabinete, na Situation Room, em que foi 
despedida. Muitos temem atacá-la por receio de que tenha gravações sobre eles



"Esta é uma Casa Branca em que toda a gente mente" e "se não tivesse estas gravações,

ninguém na América ia acreditar em mim", disse a antiga conselheira de Donald Trump,

Omarosa Manigault Newman, justificando o facto de ter gravado várias conversas durante

o tempo em que trabalhou na Casa Branca.

Uma das gravações, feitas no smartphone, é do momento em que foi demitida pelo chefe

de gabinete, John Kelly, na Situation Room, o local alegadamente mais seguro no número

1600 da Pennsylvania Avenue, em Washington. A conversa decorreu em dezembro de

2017, com Omarosa (como é conhecida) a deixar a Administração em janeiro.

"Chegou ao meu conhecimento nos últimos meses que houve algumas questões, na minha

opinião, significativas a nível de integridade relacionadas contigo", ouve-se Kelly dizer na

gravação, que Omarosa passou no programa Meet the Press, domingo à noite, na NBC.

Em causa o seu uso dos carros do governo e outros "assuntos de dinheiro", que compara 
a ofensas que, caso fosse militar, a levariam a tribunal marcial (Kelly é um general retirado).

"Se fizermos disso uma saída amigável, podes olhar para o teu tempo aqui na Casa

Branca como um ano de serviço à nação e depois continuar sem qualquer tipo de

dificuldade no futuro em relação à tua reputação", diz o chefe de gabinete à então

conselheira de Trump. "Há alguns assuntos legais que têm sido violados e estás sujeita

a algum tipo de ação legal que esperamos, pensamos, podemos controlar", acrescenta,

numa conversa que Omarosa considerou uma ameaça.

A antiga participante do programa "O Aprendiz", que era produzido por Trump, esteve no

Meet the Press para promover o seu livro "Unhinged" ("Desvairado"), cuja saída está

prevista para 14 de agosto. No livro, a antiga encarregada do Gabinete de Relações

Públicas (a única afro-americana a trabalhar na Casa Branca ) acusa o presidente de

ser "racista, intolerante e misógino".


Resposta da Casa Branca
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, reagiu à gravação com um 
comunicado: "A ideia de um funcionário infiltrar um dispositivo de gravação na Situation 
Room na Casa Branca mostra um flagrante desrespeito pela nossa segurança nacional 
- e depois gabar-se disso na televisão só prova ainda mais a falta de caráter e integridade 
dessa descontente ex-funcionária da Casa Branca."
É na Situation Room que as principais decisões sobre política externa são tomadas e os 
funcionários da Casa Branca não podem entrar no espaço com telemóveis ou gravadores.
Não são revistados à entrada, mas existem sinais com avisos.
Se a gravação na Situation Room levanta questões em relação à segurança nacional, 
o facto de Omarosa ter outras gravações, incluindo do presidente, deixa várias 
pessoas preocupadas. Estas gravações terão servido de base ao seu livro e a 
ex-conselheira terá mostrado algumas quando andava à procura de uma editora para o 
publicar.
"As pessoas agora percebem que ela tem muitas coisas", disse um antigo oficial da 
Casa Branca, sob anonimato, à ABC News. "Está a impedir que as pessoas respondam", 
acrescentou, dizendo que existe receio de que as suas conversas acabem por ser 
divulgadas. "Se chatearam a Omarosa, preparem-se, vão ser umas semanas difíceis"
referiu.
Segundo o mesmo canal de televisão, a Casa Branca estará a estudar todas as hipóteses 
legais para evitar que divulgue mais gravações, assim como para a punir por ter secretamente 
gravado Kelly.
Esta não é a primeira vez que as gravações de Omarosa chamam a atenção, mas em 
fevereiro de 2017 o seu alvo tinham sido os jornalistas.


domingo, 19 de agosto de 2018

Segundo debate presidenciáveis - RedeTV

Abaixo o vídeo do segundo debate para presidente, produzido e veiculado pela RedeTV. Durante a semana comentarei e darei minhas impressões sobre ele. 


sábado, 18 de agosto de 2018

Oasis - Don’t Look Back In Anger

Há bastante tempo atrás o Oasis esteve em nosso Blog dos Mercantes com Wonderwall. Agora volta com outro sucesso do mesmo top, Don't Look Back in Anger

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Diferenças entre PT e PDT

O texto abaixo, transcrito de uma carta de Mangabeira Unger, um dos ideólogos da campanha de Ciro Gomes é excelente. E é exatamente por isso que sempre disse que o governo petista se exauriu, e por isso caiu. Quando não conseguiu mais dar respostas às necessidades do país, o projeto petista de país passou a ser um estorvo, atendendo de forma precária às várias partes. É certo que isso não era motivo justo para o rompimento democrático-institucional que assistimos, mas explica como e porque se deram as condições para tal rompimento.

Hoje o PT segue estando fora das novas realidades. Politicamente se caracterizou como um partido fisiologista. Nas respostas sociais necessárias propõe mais do mesmo, com algumas nuances democráticas, como controle social das mídias, ou revogação da reforma trabalhista. Economicamente segue tentando agradar gregos e troianos, e acaba imprensado entre interesses tão díspares.

É por isso que o PDT não aceita ser vice na chapa petista. É hora de o Brasil sair da discussão paulista, parada nos anos 90, e entrar numa discussão nacional, antenada com o que acontece no mundo. A Alemanha não tem seu protagonismo fundado em preceitos neoliberais, isso é um engodo. Ao contrário, ela o exerce justamente nos incentivos equilibrados e corretos a suas necessidades, suas potencialidades e suas fragilidades. Ou seja, ela tem objetivos, ela reforça aquilo que tem de forte e mitiga aquilo que tem como fraqueza. Ela tem projeto de país.

É isso que o PDT apresenta nessa eleição, e até agora foi o único. Porque dizer que vai deixar que o mercado resolva as coisas, bom, isso não é papel do mercado, nunca foi, nunca será.

A diferença, resumindo, é um Estado anacrônico petista, contra um Estado moderno e futuro pedetista. Se vai dar certo é outra história, o que sabemos é que o modelo petista se exauriu, e o partido não consegue entregar uma alternativa viável para sair de sua armadilha assistencialista.

O Brasil não se resume a São Paulo, nem se resume ao agronegócio, ele é, e pode ser muito mais que isso.


Guru ideológico do PDT, Unger diz que o PT sofre a tentação de se render ao udenismo e é a esquerda de que a direita gosta
POR 

RESPOSTA A UMA PERGUNTA SOBRE AS DIFERENÇAS HISTÓRICAS E ATUAIS ENTRE PDT E PT.

1. O PDT se preocupou em construir um projeto voltado para a maioria desorganizada, não apenas ou primordialmente para a minoria organizada dos trabalhadores. O PT nasceu com base nos interesses e no ativismo da chamada aristocracia operária do Sudeste. Este primeiro foco do PDT, afirmado durante o período de liderança de Leonel Brizola, representou grande avanço em relação ao varguismo dos anos 1950, que definiu como cerne de sua base o operariado industrial formado no bojo da industrialização substituidora de importações. Por outro lado, o PT no poder trocou de base, procurando beneficiar e ganhar a maioria pobre, mas de uma forma que nunca perdeu o ranço assistentacialista – isto é, sem prática ou sequer proposta de mudanças estruturais.

2. O PDT sempre entendeu que o modelo de desenvolvimento que nos interessa passa pela democratização da economia do lado da produção e da oferta, não apenas do consumo e da demanda. E que por isso mesmo exige inovação institucional, inclusive na organização da economia de mercado. Não pode significar o que significava na época da industrialização convencional, chamada fordista, do século passado. Hoje a grande questão é como avançar em todos os setores da economia, não apenas na indútria, rumo a uma forma includente da economia do conhecimento. O PT nunca compartilhou esta preocupação. No poder, contentou-se em usar os estímulos keynesianos e em presidir a desindustrialização do país em favor de um nacional-consumismo.

3. Para o PDT, a afirmação da soberania nacional sempre teve primazia. Jamais teve para o PT. Não era insistência num nacionalismo vago ou retórico. Era e é o entendimento de que um projeto rebelde de desenvolvimento nacional exige independência de fato, inclusive na defesa, na busca de prestígio e protagonismo nas relações internacionais.

4. O PDT sempre entendeu que a afirmação da soberania nacional e a construção das mudanças estruturais na economia no sentido de um produtivismo includente exigem instrumentos políticos. E que entre estes instrumentos está o aproveitamento do potencial plebiscitário de nosso regime presidencialista . É um instrumento necessário, porém insuficiente para construir uma democracia de alta energia, que não precise de crise para propiciar mudança. O PT, com suas âncoras no sindicalismo das minorias organizadas e nos intelectuais de esquerda, sempre sofreu a tentação de render-se ao udenismo de esquerda: conselhos, participação, terceiro setor, até parlamentarismo- tudo menos a construção de um poder capaz de transformar de fato. Esta orientação política que ganhou ascendência no PT ajuda a caracterizar o que Darcy Ribeiro chamava "a esquerda de que a direita gosta".

5. Assim como a afirmação da soberania nacional precisa de instrumento político, assim também precisa de escudo fiscal. Daí a insistência do PDT em radicalizar no imperativo de realismo fiscal. Não para ganhar a confiança financeira, mas para assegurar que o Estado e o pais não dependam da confiança financeira e tenham margem para construir uma estratégia rebelde de desenvolvimento. O PT, ná pratica e no poder, fez o inverso: afrouxamento fiscal sempre que possível para impulsionar o consumo, exceto quando a ameaça de fuga de capitais o levava a privilegiar a busca da confiança financeira. Era o princípio seguido na política inglesa pore Wliiam Pitt the Younger (político que se tornou, aos 24 anos, o mais novo primeiro-ministro do Reino Unido em 1783): nenhuma concessão, exceto para as ameaças.

6. Central para o PDT, e em nenhum momento para o PT, foi e é a obra institucional de um governo, a única coisa que permite uma ação pública perdurar. Vivemos em meio aos destroços da última grande obra de construção institucional no Brasil: o corporativismo de Vargas. O PT aderiu à guerra contra o legado varguista e propôs colocar no vazio deixado por seu desmonte a humanização das instituições econômicas e políticas chamadas liberais. O PDT insiste no imperativo de inovação institucional na economia e política. E compreende que um produtivismo includente não se pode assentar nem no corporativismo de Vargas nem em seu sucedâneo pseudo-liberal. É outro nível de ambição.

7. A base social pretendida pelo PDT para sua proposta PARA país é uma aliança dos interesses do trabalho e da produção contra os interesses do rentismo financeiro e do extrativismo desindustrializante. Nas condições reais do Brasil de hoje, não pode ser a aliança estreita que sustentou o Vargas da última fase: do Estado com os trabalhadores organizados nos setores intensivos em capital. Ela tem de ganhar os emergentes, os produtores do Brasil profundo e a grande parcela da maioria pobre que já assimilou a cultura da auto-ajuda e da iniciativa. O PT nunca entrou nessa. Procurou construir na prática uma aliança enciclopédica e por isso mesmo fraca: transferências para os pobres, direitos adquiridos para as minorias organizadas, crédito subsidiado e casuísmos fiscais para os grandes empresários, juros altos para os rentistas. Necessário e difícil é atuar para abordar os brasileiros como agentes a equipar, não como beneficiários a cooptar. Essas sete diferenças justificam a tese de que o trabalhismo brasileiro que evoluiu a partir da liderança de Brizola é uma construção política genuinamente original, que não se pode entender como mera continuação de Vargas e que se contrapõe, de forma clara e contundente, à orientação do PT.

* ROBERTO MANGABEIRA UNGER É FILÓSOFO, PROFESSOR DA UNIVERSIDADE HARVARD E FOI MINISTRO DA SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS DOS GOVERNOS LULA E DILMA. ESTE TEXTO FOI ESCRITO COMO UMA CARTA EM RESPOSTA A UMA PERGUNTA SOBRE AS DIFERENÇAS HISTÓRICAS E ATUAIS ENTRE PDT E PT.