A última semana foi mais tranquila em relação às anteriores. Dos temas 4 merecem destaque.
O primeiro é que o acordo assinado entre Mercosul e UE parece ser bem mais lesivo do que o ufanismo governista e dos seguidores de Bolsonaro anunciava. Além de ser bastante danoso ao setor industrial do bloco sulamericano, também não é favorável ao agronegócio brasileiro. Parece que ainda não entenderam que o que empresta produtividade e competitividade às indústrias é o investimento, o incentivo e a qualificação da população para o trabalho. Essa história de que a competição irá aumentar a competitividade é só, e exatamente isso: história
Por parte do setor agrário são duas as armadilhas. A primeira é a questão do desmatamento, e a segunda é a questão dos agrotóxicos. Qualquer uma delas dá direito aos europeus de cortarem totalmente as importações de produtos da região, e sem nenhum tipo de contrapartida ou reação possível dos sulamericanos. Por outro lado ainda não vi nenhuma salvaguarda do tipo em prol dos sulamericanos, mas se descobrir alguma comentarei aqui.
E mesmo assim já temos alguns países europeus que já se pronunciaram contra o acordo, sendo que o primeiro foi a poderosa França, que leva consigo parte considerável dos interesses do bloco.
A segunda notícia importante da semana vem mais uma vez da Lava-jato. Os vazamentos de intervenções indevidas da força tarefa e do ex juiz Sérgio Moro na sucessão presidencial, e até na política interna de vizinhos do continente são muito graves. Uma coisa é um político assumir publicamente uma posição, outra completamente diferente é que homens, agentes diretos do Estado, que não podem, não têm autorização legal ou constitucional para intervir nesses assuntos, o fazem, e seu utilizando de subterfúgios ilegais. Além de criminoso é extremamente nocivo ao processo político e diplomático.
A terceira foi a aprovação do texto da Destruição da Previdência pela comissão específica que analisava o tema. Houve algumas alterações, mas ela ainda é extremamente nociva aos mais pobres, e segue garantindo os privilégios das castas formadas no setor público, que no fundo é o que gera o grande problema no fluxo financeiro do sistema.
Só que ela ainda precisa passar pelo plenário da Câmara, e precisa de 3/5 dos votos para ser enviada ao Senado. Segundo os analistas ela ainda não tem esses 3/5. Vamos ver.
A quarta foi a vaia que tomaram nossas mais altas autoridades ontem no Maraca. Foi tão estrondosa que o pouco político Guedes retornou ao túnel, enquanto os outros se viram constrangidos. A vaia foi tão estrondosa que refletiu já nesta segunda-feira, quando Moro pediu licença, e deverá avaliar com calma o que fará de seu futuro. Vejo forte possibilidade de que não volte, principalmente se o teor dos vazamentos dessa semana tiverem o mesmo teor explosivo dos últimos.
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