O chamado Bloco de Esquerda, que apoia o governo do PSD de Marcelo Rebelo, e que vem levantando a Nação portuguesa após o desastre econômico-social promovido pelas políticas neoliberais que foram implementadas no país entre os anos 90 e primeira década do Séc. XXI, se manifestaram contrários a presença do Presidente Jair Bolsonaro em solo luso, chegando a pedir o cancelamento oficial da visita do Presidente brasileiro.
Isso acontece em Portugal, mas Bolsonaro não é "bem-vindo" na maioria dos países do mundo, e naqueles que o recebem, apesar de todos os protocolos que existem, e devem ser seguidos, não é raro que o Presidente brasileiro ofenda povos e setores inteiros das sociedades dos países visitados.
Apesar disso os interesses econômicos que envolvem o Brasil são grandes. O agronegócio e o estrativismo em suas diversas formas são de interesses de muitas outras nações e povos, assim como enquadrar o Brasil fora da disputa por mercado, por avanços tecnológicos, e no protagonismo político-econômico mundial também, por isso Bolsonaro ainda é recebido em muitas partes.
E seu maior aliado, Donald Trump, o trata como o que ele é, um capacho, que rapidamente se rende a todo e qualquer capricho insinuado por seu mestre, e disposto a servir candidamente a qualquer longínquo sinal de desejo dos americanos. A relação é quase de desprezo por parte do americano, e de total subserviência e veneração por parte do brasileiro
Mas na maioria dos casos a situação é outra, e é quase possível cortar com uma faca a atmosfera de mal-estar que existe por onde passa. Eles se encontram com o Presidente brasileiro por obrigação, mas não há nenhuma vontade de estar ali.
BE diz que Bolsonaro "não é bem-vindo" e visita a Portugal deve ser cancelada
Bloco de Esquerda considera inaceitável visita do Presidente do Brasil
O BE considerou hoje inaceitável a visita a Portugal do presidente do Brasil, defendendo que o Governo português a deve cancelar porque Jair Bolsonaro "não é bem-vindo" ao país e mostra "constante desrespeito" pela democracia.
Numa nota do BE a que a agência Lusa teve acesso, o partido começa por se referir a afirmações de Jair Bolsonaro "a propósito da morte do ativista estudantil e militante político Fernando Santa Cruz, dado como desaparecido em 1974, em plena ditadura militar naquele país".
"Sabendo-se que está em preparação uma visita oficial do presidente da República do Brasil a Portugal, prevista para o início de 2020, o Bloco de Esquerda considera que esta, a concretizar-se, sinalizaria ao povo irmão do Brasil que o governo português é conivente com o constante desrespeito à democracia demonstrado pelo atual governo", critica.
Por isso, os bloquistas consideram "inaceitável a realização desta visita", deixando claro que "Jair Bolsonaro não é bem-vindo a Portugal e o Ministério dos Negócios Estrangeiros deve cancelar a visita o quanto antes".
Em 19 de julho, em entrevista à Lusa, na cidade cabo-verdiana do Mindelo, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, disse que o presidente brasileiro deverá visitar Portugal no início de 2020.
No comunicado enviado à Lusa o BE lembra: "Interpelando diretamente o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, filho de Fernando Santa Cruz, Bolsonaro usou de ironia para dizer que ‘um dia' contará ao presidente da OAB como o pai desapareceu ‘no período militar', adiantando que Felipe Santa Cruz ‘não vai querer saber a verdade'".
Depois, numa rede social, Bolsonaro afirmou que Fernando Santa Cruz não foi morto pelos militares, mas, sim, pela sua própria organização, a Ação Popular.
"As afirmações de Jair Bolsonaro causaram uma onda de indignação generalizada, até partilhada por muitos que o têm defendido e apoiado em outras ocasiões", apontam os bloquistas.
Perante estes factos, na perspetiva dos bloquistas, "os portugueses e o Governo não podem ficar indiferentes face a um presidente que, como diz nota da OAB, parece ignorar os fundamentos do Estado Democrático de Direito, entre eles ‘a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos'".
"O Bloco de Esquerda recorda ainda que este é apenas o episódio mais recente envolvendo um governo que tem sido marcado pelo desrespeito às comunidades indígenas, pelo aumento descomunal do desmatamento da Amazónia, pelos ataques à Educação e aos direitos dos trabalhadores", elenca ainda.
Com Lusa
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