segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Maia tenta amenizar o caos

O Presidente da Câmara, Deputado Rodrigo Maia, irá a Europa em missão oficial da casa. O objetivo é tentar reverter os problemas econômicos-diplomáticos criados pelo Presidente da República e alguns de seus Ministros, que após a apressada e mal explicada assinatura do acordo Mercosul-UE, colocam em xeque não apenas o próprio acordo, como a até então desenvolvida relação entre os dois blocos, principalmente em relação ao próprio Brasil. A tarefa é árdua e, por si só, traz desdobramentos externos e internos, e eles terão maior ou menor alcance, a depender da eficácia e dos resultados alcançado pelo Deputado.

Externamente a coisa já começa mostrando rebeldia da Câmara em relação a política internacional (diplomacia) imposta pelo Planalto - lembrando que a diplomacia é responsabilidade do Planalto, mesmo que supervisionada pelo Legislativo. Como os europeus irão encarar essa ruptura é um dos desdobramentos.

Também temos uma questão importante, que é deixar ainda mais claro a divisão interna do país a potencias estrangeiras, já que os poderes digladiam em torno da briga de poder e de projeto (ou da falta dele) de país. A parte diplomática desses países pode indicar que não devem se envolver nessas cisões brasileiras, mas a parte econômica pode buscar tirar vantagens delas. Absolutamente humano.

Um terceiro desdobramento externo é a desconfiança que se pode criar quanto a acordos firmados com o Brasil, já que não há coesão interna de objetivos, e ficam nítidos que existem projetos paralelos em andamento. Isso pode já tem deixado o país numa "geladeira" diplomático-econômica, mas isso pode se aprofundar ainda mais. Ou pode ser que apostem em mais um golpe, e passem a "patrocinar" políticamente a linha de Maia.

Internamente cria mais um ponto de tensão entre o Planalto e o Congresso, e essa tensão tem se canalizado em Rodrigo Maia.

Isso tem dois desdobramentos absolutamente imediatos e imbricados. O primeiro é o aumento do isolamento político da Presidência da República, e o segundo é o aumento do apoio e do poder do Presidente da Câmara.

Na prática o Brasil caminha para um Parlamentarismo marrom. Quando digo isso tenho minhas ressalvas. Sempre fui partidário do Parlamentarismo, a princípio por um sentimento de que algo não encaixava nessa monarquia eleita que é o Presidencialismo, agora, com mais base, me fica claro que o Parlamentarismo propicia mudanças de rumo menos traumáticas. O problema todo é que, consultado, o povo votou pelo Presidencialismo, e essa mudança acaba sendo um golpe dentro do sistema político brasileiro, e na própria Constituição.

Desta forma Maia extrapola seu papel de fiscal das ações do Executivo, e interfere diretamente em um assunto que é de competência da Presidência da República e do Itamaraty. Se isso está sendo mal feito, então existem outras formas de contornar essa questão, e o impeachment é uma dessas formas. 

Também temos alguns desdobramentos na correlação de forças dentro da Câmara. A chamada bancada ruralista está entre as duas maiores do Congresso, e não é a primeira vez que mostra descontentamento com o Governo de Jair Bolsonaro. Das outras vezes seu silêncio e servidão foram comprados com benesses na redução e perdão de dívidas e impostos, e como dinheiro não dá em árvore, isso veio do corte de outras áreas, já sacrificadas com o absurdo teto de gastos.

Acontece que um dia o dinheiro acaba, e o espaço para cortes também.

Além disso, alguém precisa pagar a conta, e por mais que o sistema financeiro esteja tendo um enorme protagonismo no Brasil atual, não é ele quem paga, porque ele não trabalha, ele apenas se apropria do trabalho dos outros, então, uma hora essa política entra em colapso. Já aconteceu em vários países, o Brasil ainda resiste apenas porque sua economia é maior.

Aí vem a pergunta: quando tudo isso ruir, de onde virão os benefícios injustificados, e como irão se comportar os ruralistas iludidos?

A propósito, eles não são os únicos.


Após desastre na Amazônia, Maia vai à Europa 'limpar barra' do Brasil

REUTERS/Amanda Perobelli
REUTERS/Amanda Perobelli

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), embarcará, no começo de setembro, à Europa em missão oficial pela Câmara dos Deputados. Maia aceitou ir a países da União Europeia para tentar melhorar a imagem do Brasil na área ambiental.

A viagem ficou decidida após uma reunião na Residência Oficial na última terça-feira (20) da qual participaram o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) - a chamada bancada ruralista -, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM).

Nos corredores da Câmara, o comentário é que ruralistas já começaram a sentir o peso da desconfiança europeia nas cifras e nas negociações de exportação de produtos brasileiros.

https://br.noticias.yahoo.com/amazonia-maia-europa-201917989.html?soc_src=social-sh&soc_trk=fb&guccounter=1&guce_referrer=aHR0cDovL20uZmFjZWJvb2suY29tLw&guce_referrer_sig=AQAAANGk2rAdNOJnBp0ForP4eVOUVdaIe5g8RLLIXhAE8Skj9PkS-ufJTPNQdoX4giWFKrGMThezfRuBV_htyObCptmOB5dSFrQYoB-_e3qUYd5vVhXTh9whwoq8AqgeJBG9rU8KQk3jtZ2J0shAnob2Xea4aKfLH7HchxiYoLTc54tE

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