Interessantíssimo o texto de Paulo Gala, veiculado pela Folha de São Paulo, e que aponta para o mais sério problema estrutural da economia brasileira, a desindustrialização. Claro que em uma análise feita num artigo de jornal é impossível aprofundar nos temas, mas também claro que há erro de estratégia de economia política, e erros do próprio setor industrial, que se acostumou às benesses do Estado, e não partiu para aquilo que a própria burguesia tanto divulga: a meritocracia.
Por que digo isso?
Como Paulo Gala mostrou em suas rápidas e bem escritas linhas houve momentos em que a indústria brasileira esteve em condições de, ela mesma, expandir suas exportações, melhorar sua produtividade, aumentar sua competitividade a nível mundial. Mas ao invés disso, de modo geral, nossos empresários se acomodaram numa demanda interna super-aquecida, adaptaram apenas as planilhas financeiras para adequarem-se ao custo interno mais alto, mas não investiram em novas tecnologias produtivas, aumento da produção, ou conquista de novos mercados.
O resultado foi que, com apenas uma fonte de escoamento de sua produção, quando esta secou pelas razões expostas por Gala, a indústria brasileira seguiu lépida e fagueira em sua esteira.
E não se enganem quando se diz que ainda temos uma produção industrial 20% acima da registrada em 1980, porque de lá para cá o PIB cresceu pouco mais de 8 vezes, tendo ido de R$ 0,8 tri em 1980 para R$6,8 tri em 2018. Quando fazemos a análise não devemos fazê-la em valores absolutos, mas em valores relativos, o que significa que a indústria deveria ter crescido na mesma proporção, para que mantivesse sua relação com o PIB estável. Ao contrário, ela cresceu muito aquém do crescimento do PIB, e perdeu participação, o que significa que ela se retraiu fortemente em relação ao PIB.
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