quarta-feira, 31 de março de 2021

É sério que eles não sabiam?

Óbvio que esta crítica não se aplica a todos os signatários da carta aberta assinada por algumas centenas de economistas e gestores, que foi publicada na semana passada, e que pede ações mais efetivas e rápidas contra a pandemia do Coronavírus. Muitos deles já defendem ideias que constam na carta, e até mais avançadas que elas, e há pelo menos um ano.

Mas vários não. Luis Stulhberger está no artigo abaixo, veiculado pela Carta Capital. Mas o que me estranha não é que ele diga que não votará mais em Bolsonaro, mas que ele tenha acreditado em algo que nunca existiu, porque, qual a proposta de Bolsonaro? 

Pessoalmente perdi meu tempo lendo o livreto cheio de baboseiras ideológicas, e metas vazias, exatamente como é o discurso atual do Presidente. Era algo assim:

"Temos 65.000 assassinatos por ano no Brasil: vamos diminuir isso aí"

Como, com que recursos (financeiros, pessoal, etc.), qual a legislação será aplicada?

Nada era colocado, nada era esclarecido, nada era detalhado. Não havia plano, apenas promessas vazias de campanha, ou discurso ideológico de direita, com pinceladas de extrema-direita.

Mas além disso, Bolsonaro se reuniu com empresários e gestores de grandes empresas e nessas oportunidades atacou negros, mulheres, homossexuais, etc. Foi ovacionado na maioria das vezes, e riram de suas tiradas criminosas, que pretendiam ser "engraçadas". Essas passagens foram amplamente divulgadas por parte da mídia, e também nas redes sociais e canais de youtube.

Isso sem falarmos de seu histórico, com entrevistas onde afirmava querer dar golpe de estado, matar 30.000, homenagear a ditadura militar, torturadores, e ele e seus filhos defenderem e darem honrarias de estado a assassinos e membros de grupos criminosos.

Com tudo isso, não apenas o gestor desse fundo financeiro, mas inúmeros outros como ele, como também o Sr. Fernando Henrique Cardoso (nem sei se ele assinou a carta), por exemplo, de onde tiraram que Bolsonaro tinha um plano de governo? De onde tiraram que ele faria algo de útil para a população brasileira, ou para o avanço civilizatório do país?

Tudo bem, vocês se arrependeram, vocês são bem-vindos de volta, mas não deem a entender que foram enganados, porque Bolsonaro nunca fez nenhuma proposta, nunca foi uma pessoa civilizada, nunca foi alguém que eles levassem para suas mesas, e pessoas que ocupam os postos que vocês ocupam não podem se dar ao luxo de serem "enganados" por alguém tão tosco.

Assim como as ideias neoliberais, que lhes são tão caras, e que não são nem de longe criticadas nessa carta, nunca deram certo em nenhum lugar do mundo. Elas são as responsáveis diretas pela imensa crise social e também econômica dos EUA (lembrem-se que os americanos perdem espaço no cenário econômico ano a ano), e um dos motivos da estagnação europeia. E elas são muito responsáveis pela crise social, econômica e sanitária pela qual o Brasil passa.

Mas o pior cego é aquele que não quer ver. 

Aproveitem e vejam as esplicações de Mônica de Boulle.




‘Votei em Bolsonaro, mas ele não nunca mais terá o meu voto’, diz o gestor do Fundo Verde

Luis Stuhlberger, porém, sinaliza que votaria em branco em um segundo turno disputado por Bolsonaro e Lula

O gestor do Fundo Verde, Luis Stuhlberger, um dos empresários que assinaram uma carta em que cobram medidas urgentes para enfrentar a pandemia, expôs neste domingo 28 seu descontentamento com o presidente Jair Bolsonaro.

“No ato em que subscrevi a carta, pensei: Estou aqui dizendo: ‘votei em 2018, acreditei na sua proposta, mas você (presidente Jair Bolsonaro) não vai ter mais o meu voto'”, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

“Se a sociedade brasileira tivesse atendido aos apelos de Bolsonaro, que taxou a pandemia de ‘gripezinha, mi-mi-mi, de vamos levar uma vida normal, todo mundo pega e a gente recomeça sem esse aborrecimento todo’, seriam 7 milhões de brasileiros mortos", acrescentou.

terça-feira, 30 de março de 2021

Chanceler não resistiu, e não foi o único

Ontem o ex-Chanceler, Ernesto Araújo, pediu demissão, e o cargo ficou vago. A decisão veio após forte pressão interna do próprio Ministério das Relações Exteriores, quando uma carta com a assinatura de mais de 300 diplomatas pela troca no comando do Itamaraty. 

O outro viés veio do Senado (e também da Câmara). Aqui já existia uma tendência a se cobrar mudanças no MRE, mas essas ainda eram leves, com apenas alguns poucos Senadores mais exaltados. Entre esses Senadores estava a combativa Katia Abreu. Acontece que Araújo, mais uma vez, meteu os pés pelas mãos, e atacou a Senadora de forma vil e equivocada. Isso provocou uma forte reação de Katia Abreu, que foi imediatamente apoiada por vários outros Senadores, entre eles Rodrigo Pacheco, Presidente da Casa, e vários outros políticos. Isso também aconteceu logo após o problema causado pelo supremacista branco, assessor de Bolsonaro, e a pandemia estar atingindo níveis estratosféricos, muito disso por erros do próprio ex-Chanceller.

Ele não resistiu à pressão, e acabou por entregar o cargo. A Folha de São Paulo já indicou os sucessores de vários cargos, incluindo o de Chanceler, mas eles ainda não foram oficializados.

Na mesma toada tivemos alterações no Ministério da Defesa, na Casa Civil (por onde andava ela?), na Justiça, na AGU, Secretaria de Governo, o Comando das 3 Armas, e provavelmente teremos alterações em alguns outros cargos de 2º e 3º escalão.

Temos 2 grandes motivos para as mudanças. O primeiro é que Bolsonaro começou a ser cobrado fortemente por seus erros (principalmente no combate à pandemia, mas também econômicos), e alguns desses ex-colaboradores estariam comentando contra a política que emana do Planalto. Com todo esse movimento o Presidente busca, principalmente aumentar a lealdade a seus propósitos e acalmar o Congresso, mas também busca tornar algumas pastas, que estavam esvaziadas, mais ativas.

O problema é que quem esvazia essas pastas é o próprio Presidente.

Temos alguns problemas nos nomes que ocupam algumas pastas, que deixaram de ter qualquer viés técnico, e passaram a atuar de forma estritamente ideológica.

Mas o maior problema é o próprio Presidente, que descarta colaboradores porque não conseguem resolver os problemas que o próprio Presidente cria. Ele quer mudar o rumo das coisas, mas em cada mudança apenas aprofunda a aplicação de suas toscas ideias.

É assim: o sujeito está com cirrose pelo uso abusivo de algum medicamento. A solução para ele é aumentar a dose do medicamento.

Nunca dará certo, e não é uma questão de torcer contra ou a favor. Se você ler todos os links que coloquei aí, você verá que Bolsonaro pode ter até acalmado momentaneamente forças externas a seu (des)Governo, mas já deixou as sementes plantadas para uma crise ainda mais intensa, e que pode vir muito rápido.

segunda-feira, 29 de março de 2021

Você não acredita na ciência?

Se você não acredita em soluções dadas pela ciência, vejam abaixo o resultado que Araraquara colheu após cerca de 40 dias de iniciado um afastamento social mais severo, com fechamento geral do comércio, e com apenas os estabelecimentos realmente essenciais abertos.

Sei que é difícil extender uma solução dessas a todo o Brasil, pela quantidade de pessoas, pela dificuldade de controle, porque para isso ser feito é necessário que a população tenha uma compensação financeira mínima para a manutenção de sua subsistência, e porque existem muitos interesses envolvidos.

Mas enquanto não temos a vacina amplamente difundida entre a população, ou seja, enquanto não temos a população imunizada, essa é a única solução com capacidade de conter parte dos danos, e que deixa melhor capacidade para a retomada da economia.

Porque não há economia sem população, e sem gente capacitada para a produção e o consumo.

Após lockdown, Araraquara zera registro de mortes nas últimas 24 horas

O município não registrou mortes de quinta para sexta. Já a capital do estado bateu recorde, com 1.193 vidas perdidas

atualizado 26/03/2021 16:57

São Paulo – O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), afirmou nesta sexta-feira (26/3) que o município não registrou mortes nas últimas 24 horas. Disse ainda que as amostras com confirmação de Covid-19 caíram de 53%, no auge da pandemia em fevereiro, para 7% de ontem para hoje.

Ao Metrópoles, o prefeito também afirmou que o município está há 20 dias sem pessoas na fila por espera de leito.
No mesmo dia em que a cidade do interior de São Paulo zerou o indicador de óbitos, a capital do estado bateu recorde. Foram 1.193 vidas perdidas nas últimas 24 horas. São Paulo está na fase emergencial, e o prefeito Bruno Covas (PSDB) rechaça adoção de medidas mais rígidas.

Araraquara foi a primeira cidade de São Paulo a adotar o lockdown. O nível máximo de restrição iniciou em 21 de fevereiro. Naquele momento, a cidade tinha acabado de registrar recorde de 1.248 casos. Pesou na decisão pelo lockdown também o alto índice de pessoas infectadas na cidade pela variante P.1., mais transmissível e que agrega maior carga viral, segundo estudos recentes.


domingo, 28 de março de 2021

Mais uma marca tragicamente fúnebre batida

Não sou fã de falar de determinados assuntos, ainda mais num domingo, mas eles precisam ser tratados, e não dá para esperar semanas para isso, então será hoje mesmo, porque não tive tempo antes.
 
Essa semana o Brasil ultrapassou a marca de 300.000 mortos pela pandemia do Covid-19. E é sempre bom lembrar que é um número oficial, já que esses números têm sido maquiados desde início da crise sanitária, e estima-se em números reais bem superiores a esses. Para piorar já ultrapassamos 3.000 mortos diários algumas vezes, e esse número já tende à marca de 4.000 mortos. E para completar, tudo isso é feito enquanto o Governo Federal mais uma vez tenta maquiar ainda mais os números e boicotar a circulação de informações.

O problema é que temos duas vertentes de atuação nesse caso, e em ambas também temos boicotes e sabotagens emanadas de Brasília, mais precisamente do Presidente e de seus asseclas. A primeira delas é a vacinação em massa, que precisa ser feita rápida e amplamente, como forma de minimizar os efeitos da doença, e desafogar os sistemas de saúde público e privado. Mas por mais que ela seja feita de forma correta, ela demora um pouco até ver seus efeitos serem efetivos. Mesmo com o STF já tendo permitido que governadores e prefeitos tomem medidas para agilizar essa parte do combate à pandemia, ainda seria necessária a ajuda do Governo Federal, não apenas financeiramente, mas também como forma de agilizar as ações.

O segundo ponto é a questão do distanciamento social, a forma mais rápida e eficaz de diminuir o número de novos casos, e de conter a propagação do vírus. Mais uma vez vemos o Governo Federal a tomar medidas que boicotam e sabotam as ações tomadas por governadores e prefeitos. Aqui chegamos ao ponto de o Presidente entrar com uma ação no STF, quando obteve uma derrota patética às suas pretensões. Nesse ponto podemos dizer que, como Bolsonaro é um boçal, e jamais conseguimos definir se suas ações são tresloucadas ou estudadas, o Ministro Marco Aurélio simplesmente rejeitou o processo, e não deu nem a oportunidade de correção do erro jurídico contido nele, já que o próprio Presidente o havia assinado, sendo que deveria ter sido o AGU que o fizesse.

E não para por aí, porque enquanto Bolsonaro se reunia com os Presidentes de outros poderes, durante uma sessão de perguntas ao Chanceler Ernesto Araújo sobre o atraso na compra de vacinas, um dos assessores  do Presidente fazia sinais criminosos ao Presidente do Senado. Esses sinais estão ligados ao racismo e aos movimentos de "supremacia branca" da extrema direita internacional. Ou seja, numa reunião na qual se deveria buscar soluções e respostas a um dos mais graves problemas do país na atualidade, um dos asseclas do Presidente voltava a cometer crimes e a provocar os outros poderes (já tivemos outros casos semelhantes). Mesmo depois de o Presidente do Senado ter solicitado a demissão desse assessor, não só o Presidente da República não fez nada até o momento, como tenta minimizar, banalizar a situação.

Bolsonaro não mudará. Ele é um fascista de carteirinha, e apresenta traços claros de psicopatia. Por mais que, vez ou outra, ele diga algo um pouco diferente e mais palatável no seu discurso, suas ações são sempre no sentido de uma ditadura, do retrocesso do processo civilizatório, e não muda a qualidade de seus assessores, porque mesmo quando muda um nome, a ideologia fascista e destrutiva vem junto (o que condiz com suas intensões).

O Brasil tem duas opções a tomar, sendo a primeira mais traumática, e a segunda mais tranquila, mas igualmente efeciente. A primeira é a pura e simples deposição do Presidente através de um processo de impeachment, ou da cassação da chapa no TSE (isso mais difícil). Isso seria mais traumático, ainda mais durante a profunda crise econômica e social pela qual o país passa há anos, e que foi muito aprofundada com a maior crise sanitária da história brasileira.

A segunda é menos traumática, e talvez mais profilática. É que esse pessoal comece a ser preso, que permaneçam presos para evitar fugas e rearticulações, e que seus meios de propagação de informações falsas comecem a ser desarticulados. Existe uma diferença entre opinião e crime, entre ideologia e crime, e essas diferenças não são tênues, elas são bastante claras, elas são previstas em Leis, e essas Leis precisam ser aplicadas com o rigor que o momento exige.

Mas se seguirmos assim, sem ações realmente efetivas, então nossa crise vai se aprofundar ainda mais.



sábado, 27 de março de 2021

The Pretty Reckless - Zombie (cover by Sershen & Zaritskaya, 2014.)

Daria Zaritskaya em mais uma ótima interpretação, num cover de Zombie, música de The Pretty Reckless. Só não gostei muito do volume da gravação, já que me pareceu que o instrumental abafou um pouco a voz da cantora.


sexta-feira, 26 de março de 2021

Guerra nas estrelas chegando?

 Interessantíssima a solução do exército americano para seus soldados.

Só que, apesar de desenvolvida para as forças armadas, a tecnologia é incorporada à empresa que a desenvolveu (a custos pago pelo governo), e chega às linhas de montagem, com aplicações em muitos outros produtos, como videogames, navegação, indústria automobilística, etc.

E no Brasil seguem dizendo que o Estado não deve investir.

Mas é porque seguem querendo uma colônia, só que sem uma metrópole para cobrar impostos.

Enquanto isso outros países vêm o futuro chegar.



Novos óculos do exército dos EUA permitem “enxergar através de paredes”

Rafael Rigues10 de março de 2021

Um novo equipamento sendo testado pelo exército dos EUA pode dar aos soldados no campo de batalha “superpoderes” como a capacidade de enxergar na escuridão absoluta, ver através de paredes ou mesmo ter uma visão aérea de um local sem ter que deixar o solo.

Batizado de IAVS (Integrated Augmented Vision System, Sistema Integrado de Visão Ampliada), ele consiste em óculos que cobrem o campo de visão do soldado e um sistema de sete câmeras montado sobre as lentes, capaz de captar imagens sob as mais diversas condições.





quinta-feira, 25 de março de 2021

Até o deus mercado pede providências

Foram mais de 500 economistas e líderes de grandes empresas, ex-Ministros e gestores públicos da área econômica que assinaram uma carta endereçada aos Presidentes dos 3 Poderes solicitando providências concretas para o combate efetivo da pandemia.

Ora, temos 1 ano de pandemia, 1 ano em que membros desse (des)governo, incluindo o líder supremo, vêm boicotando ações de combate à pandemia, e fazendo de tudo para impedir qualquer ação seria nesse sentido, e só depois de 300.000 mortos é que esses bravos lembraram de dar uma pressionada no (des)governo? Só depois que não só a pandemia, mas tudo aquilo que era previsto com as ações tresloucadas do (des)governo trariam, como a destruição da economia, a ruina das relações internacionais, a erosão das ainda frágeis instituições brasileiras (incluindo as próprias Forças Armadas), o crescimento da miséria, a destruição do tecido social do país, é que fazem uma pressão contra o (des)governo?

Claro, essas pessoas são, em sua maior parte, sacerdotes do deus mercado, e estão preocupados apenas com seus interesses econômicos. 

Claro também que qualquer ajuda que pressione pelo combate à pandemia é bem-vinda, só que a pandemia é o maior problema atual, mas não podemos esquecer que essa turma, em sua maioria, foi a responsável por termos o atual (des)governo, e a pandemia não é o único problema grave que temos, e essa turma é conivente direta em todos os outros problemas, além de seguir apoiando o (des)governo em várias de suas insanidades.

O que quero dizer com isso é que essa carta mostra que até os maiores beneficiários de toda essa desgraça que acontece com a população brasileira, já viu que esse filme pode não acabar bem, incluindo para eles.

Carta assinada por mais de 500 personalidades será enviada aos chefes dos três poderes. Documento diz que políticas públicas devem se basear em evidências científicas.


Por G1 — Brasília

 

Mais de 500 empresários e economistas assinam uma carta de alerta em relação ao agravamento da pandemia no Brasil nas quais cobram vacinação e distanciamento social como medidas de combate à Covid-19.

Entre os signatários do documento estão os ex-ministros da Fazenda Marcílio Marques Moreira, Pedro Malan, Maílson da Nóbrega e Rubens Ricupero; os ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga, Pedro Malan, Ilan Goldfajn, Gustavo Loyola, Pérsio Arida e Afonso Celso Pastore; os copresidentes do Conselho de Administração do Itaú Roberto Setubal e Pedro Moreira Salles; o presidente do Credit Suisse, José Olympio Pereira; o presidente do Conselho de Administração da BRF, Pedro Parente, e o ex-economista-chefe do Bradesco Octavio de Barros.

A informação sobre a carta foi publicada pelo jornalista Merval Pereira, colunista do jornal "O Globo". O documento será entregue a representantes dos três poderes.






terça-feira, 23 de março de 2021

Como voltar a crescer

Ótimo texto de José Luis Oreiro veiculado no site da revolução industrial brasileira. Como sempre o link para o artigo completo está no título abaixo. De minha parte farei apenas dois comentários.

O primeiro é que a política heterodoxa do PT foi parcial, e baseada principalmente na entrada de dinheiro estrangeiro, seja em investimentos diretos, seja na exportação dos produtos primários tradicionais da economia brasileira, que tiveram um boom de valorização na primeira década do século, devido a enorme demanda criada pela China. De outro lado o PT praticou juros da taxa selic absurdamente altos, que drenaram a maior parte desses recursos para o setor financeiro/especulativo.

O segundo ponto é quanto ao item (1) das notas de pé de página no final do texto. Verdade que a Previdência foi superavitária até 2015, mas as manobras de bastidores, que criaram a chamada "desvinculação" das receitas da União, fizeram com que não só o superavit conseguido, mas também parte dos recursos que deveriam ser usados para financiar a Previdência fossem drenados para o mesmo setor financeiro/especulativo, o que causou um déficit ilusório nas contas previdenciárias num primeiro momento, e a falta de recursos para cobrir o déficit real quando ele veio a existir.

E este é o início do ensaio. No site da revolução industrial brasileira você encontra mais sobre o assunto.

A sociedade Brasileira enfrenta uma profunda crise econômica, política, social e civilizacional desde 2013. Durante os 10 anos anteriores, a combinação entre um ambiente externo extremamente favorável, na forma de rápido crescimento da economia mundial e elevação dos preços das commodities, do aumento do poder de compra das classes mais desfavorecidas devido ao aumento real do salário mínimo e dos programas de assistência social e do aumento do crédito bancário como proporção do PIB permitiu uma aceleração do crescimento econômico (Ver Figura 1), cuja média móvel decenal alcança o pico de 4,04% a.a precisamente em 2013, um aumento significativo com respeito às duas décadas anteriores.

A partir de 2013, contudo, o ritmo de crescimento da economia brasileira (medido pela média móvel decenal) sofre um processo de desaceleração contínua, alcançando a marca de 1,26% a.a. em 2018, o nível mais baixo para a série iniciada em 1930. Simultaneamente ao processo de forte desaceleração do ritmo de crescimento econômico, a sociedade brasileira passou por uma crise política que culminou no processo de impeachment da Presidente Dilma Roussef em 2016. Muitos esperavam que, uma vez afastada a Presidente da República, seria possível restabelecer condições mínimas de governabilidade e, dessa forma, o crescimento econômico poderia ser restabelecido. Essas expectativas foram frustradas. Embora o governo do Presidente Michel Temer tenha se mostrado capaz de sobreviver às tentativas de investigação de corrupção por parte da Procuradoria Geral da República, e iniciado uma “agenda de reformas” baseadas no documento “Ponte para o Futuro” (elaborado por um grupo de economistas liberais liderados por Samuel Pessôa e Marcos Lisboa), de viés claramente liberal; a retomada robusta do crescimento econômico, cantada em prosa e verso pelos economistas liberais, como o resultado da adoção de uma agenda de reformas, simplesmente não aconteceu.






segunda-feira, 22 de março de 2021

Bolsonaro cirou?

Calma pessoal, não é bem assim. Também as repercussões da atitude equivocada e atabalhoada do Presidente não terão necessariamente esse resultado, que são sugeridas no artigo abaixo, ainda que as possibilidades disso sejam grandes.

Então, qual o problema?

Bem, antes de tudo, o Ciro deve se candidatar em 2022, independentemente de grandes coalizões, independentemente da conjuntura política. Acredito que Thiago Manga, autor do artigo, tenha tido a intensão de enfatizar que o pré-candidato pdtista teria se fortalecido com essa ação de Bolsonaro, e é justamente isso que é discutível.

Uma série de fatores influenciarão decisivamente na viabilidade de Ciro liderar uma frente de centro-esquerda mais ampla. Além de se manter elegível (lembrem-se que é uma queixa crime), Ciro precisa aumentar sua representatividade junto à população, ultrapassar a barreira que lhe foi imposta do "destemperado", fazer com que parte mais significativa da população compreenda que seu projeto de país é o mais inclusivo de todos (o de Bolsonaro é o da precarização máxima do trabalho, e abandono da sua população à própria sorte; o de Lula é o da distribuição de esmolas compensatórias; e o de Ciro o da valorização e ampliação do trabalho e de seus frutos), ultrapassar a barreira da propaganda contrária que lhe é imposta pela grande media, e por fim, chegar ao segundo turno. E esse é o ponto mais nevrálgico de todos, porque acredito que, se chegar ao segundo turno, ele bate, seja Lula, seja Bolsonaro.

Com esse quadro os próximos passos, e os próximos acontecimentos serão cruciais para a candidatura de Ciro. Ao vencer e ultrapassar as primeiras barreiras, ele tende a catapultar sua candidatura, e ainda pode usar isso contra os próprios adversários. Se os primeiros passos lhe forem desfavoráveis, ele tende a perder espaço.

Por isso não se pode comemorar, nem se acovardar. Ciro tem a possibilidade de se tornar realmente um candidato com sérias probabilidades de vitória. As manifestações de apoio, que vieram de diversas partes, indicam isso. Caberá a Ciro e ao PDT conquistarem as vitórias necessárias no início dessa jornada, capitalizarem esses apoios, e tornar a candidatura de Ciro algo realmente palpável para a população brasileira.

OPINIÃO: Obrigado Bolsonaro, você acabou de lançar Ciro à presidência!

Acaba de virar notícia que a Polícia Federal abriu inquérito contra Ciro Gomes (PDT) por “ofensa à honra” de Jair Bolsonaro. Nada poderia ser mais vexatório. É triste ver uma instituição honrada e republicana ser cooptada para ser o brutamontes policial do homem mais vil e desprezível que já ocupou a presidência da República.

Chega a dar nojo ver a PF ser obrigada a prestar esse papel tão pequeno em relação ao tamanho de uma das instituições mais estruturadas e exemplares do país.

O documento cita uma entrevista à Rádio Tupinambá, de Sobral (CE), em novembro do ano passado, na qual Ciro afirmou que a população, ao não apoiar os candidatos de Bolsonaro, mostrava um sentimento de “repúdio ao bolsonarismo, à sua boçalidade, à sua incapacidade de administrar a economia do País e seu desrespeito à saúde pública”.




domingo, 21 de março de 2021

Biden atacou Putin

O Presidente americano, Joe Biden, chamou o Presidente russo, Vladimir Putin de assassino, o que abriu uma crise séria entre os dois países. O Presidente russo chamou seu embaixador a Moscou, e estuda ações e respostas que possam ser dadas a sua contraparte americana.

As declarações de Biden ultrapassaram o limite do razoável diplomático, e criaram uma desnecessária crise com a Rússia, que se acresce à crise que já existe com a China, e que foi criada por Trump, mas que até agora não foi corretamente amenizada por Biden.

Isso mostra que o governo Biden assume com uma política externa com raízes no passado, que apostam na criação de "antagonistas externos perigosos", da retórica do bem contra o mau, o que acaba por criar tensionamentos externos desnecessários, mas que pode criar uma coesão interna.

O problema é que esses tensionamentos externos já existem nos EUA, mas estão deslocados de países para nacionalidades, estão deslocados dos Estados para os cidadãos. Se a ameaça externa não for bem trabalhada, ao invés de suplantar os tensionamentos internos que existem no país, e que lhes criaram muitos problemas nos últimos 4 anos, eles podem se somar, e a crise pode fugir totalmente do controle.

Uma aposta muito arriscada, e a meu ver equivocada.

Freixo critica o PT

Um dos líderes do PSOL, o Deputado Federal Marcelo Freixo, criticou o PT e seus erros durante seus governos. O Deputado também estaria de saída do PSOL por discordância quanto a política partidária adotada, e busca uma legenda em que possa se candidatar ao governo do estado do Rio de Janeiro, onde pretende construir uma frente de centro-esquerda.

Por enquanto o Deputado não definiu seu futuro, mas está em conversas com vários partidos, incluindo o PSDB.

Para quem sempre viu Freixo como o esquerdista purista, aí vai a pergunta: o que ele faria no PSDB, um partido que há anos flerta com a extrema-direita? 

Não, Freixo não virou extrema-direita, mas ele parece ter bom faro político, e sabe que os ventos mudaram. O que ele faz é buscar conquistar espaço para voos mais altos na política, e uma aproximação com a direita faz parte dessa conquista. Em tempos de um governo fascistoide, então uma normalidade democrática se torna esquerda e até certo ponto revolucionária.

O fracasso de Paulo Guedes

O site Bonifácio, trata a crise econômica brasileira como se fosse um fracasso do Ministro da Economia, Paulo Guedes. Eu vejo de forma totalmente distinta. O discurso de Guedes não pode ser confundido com suas ações. No discurso ele fala em montes de investimentos, em crescimento vertiginoso, em tornar o Brasil uma economia moderna e próspera.

Mas nas ações ele atua como um negociante, que busca apenas espoliar o Estado brasileiro de seus ativos mais lucrativos, em prol da elite financeira nacional e de alguns grupos estrangeiros também. Em absolutamente nenhum momento ele age em prol da economia brasileira, e ele sabe exatamente o que faz, porque pode ser muitas coisas, mas burro ele não é.


sábado, 20 de março de 2021

IMPERIAL AGE - The Legacy of Atlantis

O Imperial Age é uma banda de Heavy Metal Sinfônico russa, mais precisamente de Moscou. Gostei bastante da música, e dos vocais. A banda tem cerca de 8 anos de estrada.



sexta-feira, 19 de março de 2021

Decisão estranha

Muita estranha a decisão do Juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, que substitui Sérgio Moro na função. Acho que é bastante claro que sou absolutamente contrário à volta de Lula, ou mesmo do PT ao governo. Mas isso não significa que não possa criticar ações que eu considere absolutamente abusivas contra o ex-Presidente.

Digo isso porque a decisão do Ministro Fachin, anulou as sentenças com base na incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba em julgar os casos referentes a Lula, e que versam sobre o Tríplex o sítio de Atibaia, e mais dois processos que ainda pendem de decisão. A decisão do Juíz Bonat até tem uma certa base, mas rui na decisão de incompetência da 13ª VFC para o julgamento.

Entendam o que eu digo. A alegação de Bonat para a manutenção dos bloqueios de bens e contas do ex-Presidente se dão porque estão relacionados a ação penal, que na sentença de Fachin já foi dita que não deveria estar em Curitiba, mas em Brasília. Se a ação penal, que nesse caso é a principal, não deveria estar em Curitiba, então como ações cautelares, ligadas a essa ação principal, podem tramitar nesta Vara?

Entendo que a 13ª Vara Federal de Curitiba é incompetente para julgar as ações penais relacionadas ao ex-Presidente Lula, e também as ações derivadas da ação principal.

Segundo o Juiz Bonat, sua decisão estará sendo enviada para o Ministro Fachin, e ele decidirá se os bens devem ser liberados ou não. Na verdade o correto seria mandar tudo para o próximo Juiz, em Brasília, e ele decidiria sobre todos esses pontos.


Juiz de Curitiba manda processos de Lula ao DF, mas mantém bloqueio de bens

Andréia Martins e Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

17/03/2021 09h09Atualizada em 17/03/2021 12h59

O juiz titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, Luiz Antonio Bonat, enviou os processos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Justiça Federal do Distrito Federal, mas manteve o bloqueio de bens do político. Para justificar a decisão, Bonat disse que apenas os processos deveriam ser remetidos, não medidas cautelares adotadas ao longo das ações, como o bloqueio.

O envio dos processos cumpre a decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal). Na semana passada, ele anulou as duas condenações do ex-presidente em processos da Lava Jato no Paraná e ordenou o envio das quatro ações penais contra Lula para o Distrito Federal.

Em despacho, o magistrado —que substituiu o ex-juiz Sergio Moro em processos da Operação Lava Jato no Paraná— disse que a decisão de Fachin estava limitada "aos atos praticados" nas ações penais, "inclusive às decisões de recebimento das denúncias".

quinta-feira, 18 de março de 2021

Rachadinha virando uma enorme fenda

Apesar de a decisão do STJ de anular a quebra de sigilo bancário do Senador Flávio Bolsonaro ser parcial, até porque o Ministério Público já recorreu ao STF e isso pode ser novamente revertido, fato é que a quebra desse sigilo tem potencial de deixar de ser uma rachadinha, e se transformar numa enorme fenda, daquelas que os terremotos deixam nos filmes de Hollywood.

Isso porque apareceram indícios claros de que as ações também eram praticadas nos gabinetes do Presidente Jair Bolsonaro, do vereador Carlos Bolsonaro, e de uma ex-esposa do Presidente. Além disso já temos a atual esposa do Presidente envolvida com o recebimento de cerca de R$ 90.000, que a princípio também viriam dessas práticas ilícitas.

Mesmo que o atual Presidente não possa ser processado, ou mesmo retirado da Presidência nesse momento, isso certamente abalaria uma das últimas crenças que seus apoiadores ainda mantêm, que é a da incorruptibilidade do mandatário. Isso também aumentaria o espaço para um possível impeachment, porque se a rachadinha em outros mandatos não pode servir de base para o afastamento de Bolsonaro, motivos válidos para isso não faltam, mas falta ainda um pouco de condições políticas.

Sinceramente eu não consigo entender essa falta de condições políticas. O país está sentado em cima de uma montanha de 300.000 mortos (em poucos dias); a Economia segue absolutamente sem rumo, sem comando, e no meio de um furacão; o Ministério da Saúde totalmente desarticulado, desestruturado, e longe de cumprir sua função, no meio de uma pandemia; inícios claros de negociatas altamente lesivas à Nação precisam apenas serem investigadas para a recolha de provas; um arrocho salarial sem precedentes; a retirada de direitos históricos; e tudo isso sem nenhuma contrapartida. 

Mas mesmo com essas condições, o povo segue quase que inerte. O que ainda falta para se formar as condições políticas?

Anatomia da rachadinha

Quebra de sigilos do Caso Flávio revela indícios do esquema ilegal nos gabinetes de Jair e Carlos Bolsonaro

AMANDA ROSSI, FLÁVIO COSTA, GABRIELA SÁ PESSOA E JULIANA DAL PIVADO UOL, EM SÃO PAULO E NO RIO

A quebra de sigilos bancário e fiscal de pessoas e empresas ligadas ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) revela indícios de que o esquema da rachadinha também ocorria nos gabinetes do pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), quando este era deputado federal, e do irmão, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). Os dados apontam ainda a existência de transações financeiras suspeitas realizadas pela segunda mulher do presidente, Ana Cristina Siqueira Valle.

UOL teve acesso às quebras de sigilo em setembro de 2020, quando ainda não havia uma decisão judicial contestando a legalidade da determinação da Justiça fluminense, e veio, desde então, analisando meticulosamente as 607.552 operações bancárias distribuídas em 100 planilhas -uma para cada um dos suspeitos. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou o uso dos dados resultantes das quebras de sigilos no processo contra Flávio, mas o Ministério Público Federal recorreu junto ao STF (Supremo Tribunal Federal). O UOL avalia que há interesse público evidente na divulgação das informações que compõem estas reportagens.

Procurados desde quarta-feira (10) por email, telefone e mensagem de WhatsApp, Jair, Flávio e Carlos Bolsonaro não responderam aos questionamentos da reportagem.

Em quatro reportagens publicadas hoje, o UOL detalha uma série de operações suspeitas de assessores da família Bolsonaro, caracterizadas pelo uso de grandes volumes de dinheiro em espécie.


quarta-feira, 17 de março de 2021

Boas notícias sobre as vacinas

O estudo é restrito, e ainda teria que ser muito mais amplo para termos resultados realmente críveis, mas é um alento, e certamente pode indicar uma linha de imunização para a população mundial. 


Única injeção de vacinas pode bastar para imunizar pessoas que estiveram infetadas

Resultados de um estudo revelam que, após a primeira dose das vacinas Pfizer e Moderna, as pessoas que tiveram covid-19 "desenvolveram rapidamente" níveis de anticorpos "uniformes e elevados nos dias seguintes" à injeção.


Uma única injeção das vacinas Pfizer e Moderna contra a covid-19 pode ser suficiente para proteger as pessoas que já estiveram infetadas com o novo coronavírus, conclui um estudo divulgado na quinta-feira.

O estudo, publicado na revista científica New England Journal of Medicine, tem por base amostras sanguíneas de 110 pessoas (43 estiveram infetadas com o novo coronavírus, as restantes não).

Os resultados revelam que, após a primeira dose de ambas as vacinas, as pessoas que tiveram covid-19 "desenvolveram rapidamente" níveis de anticorpos "uniformes e elevados nos dias seguintes" à injeção.

Segundo o trabalho, conduzido por investigadores da Escola de Medicina Icahn, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a concentração de anticorpos era 10 a 45 vezes superior nestas pessoas do que nas pessoas que não estiveram infetadas.


 

terça-feira, 16 de março de 2021

Policiais abandonam Bolsonaro?

As contradições intrínsecas de Jair Bolsonaro vêm corroendo sua base de apoio mais rapidamente do que se pensa. Quando sua mais fiel base se mostra descontente e começa duras críticas ao Presidente da República, então isso fica muito patente.

Basta ver que Bolsonaro se elegeu prometendo apoio e suporte totais a setores do funcionalismo público, notadamente os ligados às forças de segurança, mas rendeu a administração da economia ao fundamentalismo neoliberal do mercado financeiro brasileiro. São duas coisas antagônicas, mas na equação política de sua manutenção no cargo, Bolsonaro enxerga os interesses de 0,5% (seria tudo isso) da população brasileira, mais importantes do que as necessidades de milhões de trabalhadores e suas famílias.

Talvez ele aposte num efeito positivo de mais uma esmola dada a uma parte ainda mais empobrecida da população, como forma de melhorar e aumentar sua sustentação política.

O problema é que ele não leva em conta que o valor aprovado, que varia de R$ 150 a R$ 375 é irrisório, ainda mais se levarmos em conta que ele já foi de R$ 600. Dessa vez o dinheiro estará ainda mais longe de resolver os graves problemas da população, será incapaz de promover um reaquecimento da economia, atingirá a ainda menos pessoas que no ano passado, mas vem junto com uma conta amarga demais para ser paga pela sociedade. Essa conta era desnecessária de ter sido apresentada, e ainda foi colocada na constituição, o que dificulta sobremaneira para um próximo governo desfazer esse nó.

Policiais acusam Bolsonaro de traição e disparam contra o governo

  

O presidente Jair Bolsonaro enfrentou nesta quarta-feira (10) a mais dura manifestação de policiais desde o início do seu mandato. Dirigentes de 24 entidades que representam as mais diversas categorias policiais se reuniram em Brasília para protestar contra o congelamento de salários, promoções e contratações, prevista na PEC Emergencial, proposta cujo texto-base foi aprovado em primeiro turno ontem pela Câmara. Integrantes da União dos Policiais do Brasil (UPB), eles alegam que, embora estejam na linha de frente de combate à covid, não têm sido tratados como categoria de serviço essencial e acusaram o governo de promover desmanche da segurança pública no Brasil nos últimos dois anos.
Os representantes admitiram que grande parte dos policiais votou em Bolsonaro em 2018, acreditando em seu discurso de combate à criminalidade e de valorização dos agentes de segurança pública. Mas hoje, segundo esses dirigentes, boa parte da categoria está decepcionada e desmotivada por entender que o atual governo não tem compromisso com a área nem com o serviço público em geral. Bolsonaro ignorou os apelos dos policiais, intermediados pela bancada da bala no Congresso, para que eles não fossem atingidos pelos efeitos limitantes da PEC Emergencial. A posição do presidente contrariou deputados governistas ligados aos policiais.

"Não vimos até agora apresentação de nenhum projeto de valorização da segurança pública. Os sinais mandados pelo governo contra a segurança pública são extremamente duros. O Ministério da Saúde, em seu plano de vacinação, priorizou presos em detrimento de policiais, gerando grande revolta nas nossas bases. Enfrentamos índice de contaminação de três a quatro vezes maior que a população comum. Permanecemos na linha de frente do combate à pandemia, pois só se cobra cumprimento das medidas sanitárias através das forças policiais", criticou o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Judiciário (ADPJ), Rafael Sampaio.

"O governo coloca policiais e servidores como moeda de troca e bode expiatório. Os policiais acreditavam que seriam valorizados e estão extremamente desmotivados e decepcionados. É uma PEC da maldade, da destruição da segurança pública do país", disparou o presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobracol), André Gutierrez.

segunda-feira, 15 de março de 2021

O pronunciamento de Lula

Lula fez um pronunciamento esta semana, logo após a anulação de todas as suas condenações na Justiça. Inacreditável que tenham dado tanta importância a este pronunciamento, se levarmos em conta todas condições com que toda essa história se desenrolou. 

Não discordo que o pronunciamento foi politicamente bom, um dos melhores de Lula, mas também foi absolutamente demagógico, e pior, destoa bastante de algumas entrevistas e ações que o próprio Lula tomou nos últimos anos, e ainda vem crivado com algumas mentiras e inconsistências. E quando falo últimos anos, incluo os últimos anos de seu governo também. Mas nem tudo deve ser visto como negativo ou populista e vou começar com os três pontos que considerei assim. 

Ele foi cirúrgico quando falou da pandemia, das formas de prevenção, e da importância da vacinação, inclusive quando disse que não se deveria ouvir o atual Presidente, e que se deveria cobrá-lo pela vacina. Muito mais

Também falou da imprensa. Ora, a imprensa está absolutamente alinhada com o pensamento da classe economicamente dominante do Brasil, e normalmente isso é assim em qualquer lugar do mundo.  A constatação de que a imprensa foi parcial e formou quase que um bloco uníssono contra ele e seu partido é verdadeira, Mas Lula e o PT ficaram 14 anos com o governo nas mãos, e nunca tomaram nenhuma atitude concreta para quebrar com esse monopólio. Ao contrário, tentaram se aproveitar disso, pensaram que seriam parte beneficiária do sistema. Bom sabemos o resultado.

Outro ponto em que foi bem, por sinal tão bem quanto o primeiro, foi quando disse que a população brasileira precisa de emprego e renda, e que isso é um problema seríssimo para as pessoas. Mas parou por aí.

Porque nesse mesmo momento veio que o que ele passou não foi pior do que aquilo que o povo brasileiro passa. Se assim fosse, ele teria aberto mão da candidatura na última eleição, e feito uma chapa de coalizão nacional, já que todas as pesquisas indicavam que o PT não levaria a eleição. Na mesma toada, nos últimos anos, sua paixão quando falava de sua condenação e prisão tinham um tom muito mais alto do que quando falava dos problemas da população. O primeiro passava a ideia de indignação, ressentimento, enquanto o segundo passava a ideia de uma simples constatação. Isso é humano, absolutamente compreensível, mas destoa da ideia de grande estadista, de alguém que põe os interesses coletivos sobre os próprios. 

Ainda quando se referiu à condenação, cometeu dois deslizes que eu não aceito. O primeiro é que ele disse que foi inocentado. Isso não é apenas uma distorção, mas uma mentira. Como já falei semana passada, a anulação das condenações não significa anulação dos processos, e estes podem ser recuperados em sua totalidade pelo próximo Juiz do caso, faltando apenas nova sentença. Isso na anulação monocrática dada por Fachin, e que deve ser revista no pleno do STF. Quanto a suspeição de Moro, esta sim anula os processos, no caso de Moro ser considerado suspeito, mas também não dá resultado final às causas, porque novas investigações e processos podem ser iniciados, e nova acusação pode ser ajuizada. Nenhuma das duas decisões em discussão no Supremo é relativa a uma possível absolvição do ex-Presidente, nem à condenação, já que elas não são relativas a provas condenatórias, mas a ritos processuais.

Quando tratou da questão do petrolão acertou ao apontar a questão econômica mais ampla, mas errou ao mais uma vez ao se referir à CUT como a representante do movimento sindical. Ela não é. A CUT é o braço sindical do PT, e defende os interesses do partido, muitas vezes em detrimento dos interesses dos trabalhadores a quem dizem defender. Outras centrais sindicais têm ligações com outros partidos, inclusive de direita.

Errou também quando tratou a questão do Exército e das Polícias. Quando tentou comprar essas instituições, e seus integrantes, quando afirma que eles precisam de armas. Isso pareceu mais com a oferta de uns brinquedinhos para eles se divertirem. Foi superficial, foi errado, foi infeliz, porque essas instituições precisam ser tratadas com a importância e a responsabilidade necessárias. Elas têm sido um dos maiores focos de instabilidade na política brasileira desde a Proclamação da República, e isso precisa ser mudado. Não é dando brinquedinhos que isso se resolverá, e ele passou ao largo da importância que essa discussão precisa ter.

Nesse mesmo ponto ele tratou a questão da violência com a mesma superficialidade que seu governo deu a ela, ou seja, como se o combate à violência fosse apenas uma questão de força policial e de uma polícia bem equipada e repressiva. Claro que tem a ver com isso mas, se após todos esses anos, ainda não ficou claro que isso é absolutamente ineficiente, então ele não aprendeu nada.

Como também tratou a questão do golpe parlamentar de 2016 de forma rasa, como se fosse algo importado, e que não tenha havido interesses internos que suportaram a retirada da Presidenta, ou que não havido uma série de erros políticos dele, e da ex-Presidenta Dilma, que propiciaram e levaram à queda do lulopetismo.

Na parte econômica, mais uma vez um discurso que atenta apenas a um lado da equação econômica. Verdade que não há economia capitalista sem consumo (ainda que alguns acreditem nisso), mas somente consumo não é suficiente. Há necessidade de um Estado, não interventor, mas direcionador, com um projeto de país, com metas claras, e com indicações claras de como as prioridades serão atendidas e desenvolvidas. Isso não significa que outros setores serão abandonados, mas que alguns são mais básicos e fáceis de atingirem as metas, porque estão dentro das chamadas "vantagens comparativas".

O problema é que Lula até entende que é preciso industrializar o país, só que, da mesma forma que o PSDB, o PT também acha que essa industrialização virá de investimentos estrangeiros. Acontece que isso não faz um país avançar, porque como a própria palavra diz, é estrangeiro, e se vai de acordo com os ventos e interesses, como se foram a Ford, e algumas outras multinacionais estrangeiras.

No fim, a forma como o Presidente fala o coloca na disputa presidencial de 2022 com força, mas acirra os ânimos com muitos que estariam dispostos a não votar em Bolsonaro, e ainda pode significar um retorno a um passado que acabou mal. Sim porque acabou com um golpe, com o empobrecimento do povo, e com a ascensão da extrema-direita no Brasil.

Isso tudo não significa que Lula seja carta fora do baralho ou que esteja realmente no jogo em 2022. Mas se ele realmente resolver seus problemas na Justiça, então ele tem grandes chances de estar no segundo turno. Diria eu que sobra uma vaga. O problema é que o antipetismo segue sendo uma força avassaladora no país. Lula tem menos rejeição que seu partido em si, mas não será tão difícil ligar o ex-Presidente a todos os erros petistas, e essa rejeição pode aumentar.

Por fim temos que levar em conta que o discurso foi muito comemorado por seus correligionários, mas também por alguns defensores conhecidos e "representantes" do mercado financeiro. Isso me faz lembrar de uma certa "carta aos brasileiros", e de um governo de distribuição de esmolas aos pobres, e de régias picanhas aos ricos, para ficar numa alusão que o próprio ex-presidente fez em seu discurso.

domingo, 14 de março de 2021

Ministro da Saúde pede para sair

No momento extraordinariamente conturbado da Saúde no país, em que milhares de vidas são perdidas diariamente por erros e descaso das políticas públicas de combate à pandemia do Covid-19, essa notícia e o comentário não poderiam ser adiados.

O General Eduardo Pazuello pediu para deixar o Ministério da Saúde. O motivo seriam problemas de saúde. Apesar da péssima, desastrosa, ineficiente, e em muitos momentos momentos irresponsável gestão do General a frente do MS, seja quem for que o substitua não fará nada, caso o Chefe Supremo não permita.

Mas se isso explica a situação, também está longe de justificar a penúria da Saúde no país, que vem registrando recordes diários de mortes e contaminações 

E apesar de ter feito muito mal ao país, desejo a Pazuello que se restabeleça.

E se tenho apenas convicção de que o mal que fez foi por incompetência e covardia, tenho absoluta certeza de que o próximo Ministro da Saúde terá o mesmo desempenho horroroso, caso o Chefe Supremo siga sendo o mesmo, ou não dê liberdade de ação ao chefe da pasta.

Pazuello pede a Bolsonaro para sair do Ministério da Saúde, diz jornal

14/03/2021 14h46

SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pediu ao presidente Jair Bolsonaro para deixar a pasta, alegando problemas de saúde, publicou o jornal O Globo neste domingo, citando fontes do Palácio do Planalto.


A troca do ministro, que chegou ao Ministério da Saúde em maio do ano passado como interino e tomou posse em setembro como efetivo, deve ocorrer nos próximos dias, segundo o jornal.


Procurados, representantes do Ministério da Saúde não puderam comentar o assunto de imediato.

O impossível existe, ou é uma questão de tempo?

Sim, ele existe realmente, ou é apenas uma questão de tempo, até que a tecnologia chegue ao ponto de fazer com que passe a ser possível?

Bom, cada vez mais parece que a verdade é que o tempo acaba com o impossível. É o que mostra um experimento sobre a compressão da luz.

Como sempre o título abaixo leva ao texto do artigo completo, e vale a pena uma lida.

Cientistas observam experimento supostamente impossível

Por , em 9.09.2015

Uma equipe de cientistas mediu com sucesso partículas de luz sendo “comprimidas” – ou “espremidas” – em uma experiência que havia sido descrita nos livros didáticos de física como impossível de observar.

Esta compressão é um estranho fenômeno da física quântica, criando uma forma muito específica de luz de “baixo ruído” e sendo potencialmente útil na tecnologia projetada para captar sinais fracos, como a detecção de ondas gravitacionais. O método padrão de compressão de luz envolve disparar um feixe de laser intenso em um material, geralmente um cristal não linear, que produz o efeito desejado.

Por mais de 30 anos, no entanto, existe uma teoria sobre outra técnica possível. Ela envolve excitar um único átomo com apenas uma pequena quantidade de luz. A teoria afirma que a luz dispersa por este átomo deve, da mesma forma, ser comprimida. Infelizmente, embora a base matemática para esse método – conhecido como compressão da ressonância de fluorescência – tenha sido elaborada em 1981, o experimento para observá-lo era tão difícil que um consagrado livro de física quântica conclui: “Parece impossível medi-lo”.



sexta-feira, 12 de março de 2021

Entrevista muito boa

Ciro Gomes deu uma entrevista excelente a Reinaldo Azevedo e Leandro Demori (editor do Intercept Brasil). Sem dúvida a melhor entrevista de Ciro nos últimos meses. 

A entrevista mesma começa aos 19m45s do vídeo.


quinta-feira, 11 de março de 2021

Mais um achado arqueológico interessantíssimo

É sabido que existiam muitos túneis nas Idades Média e Antiga. Os túneis serviam de esconderijo em momentos de ataque, serviam de passagens secretas entre cômodos, casas, guardar gêneros alimentícios para momentos de carestia ou cerco, para sair e entrar de castelos e cidades muradas, etc. 

Mas para que serve o túnel encontrado no País de Gales?

Taí algo que eu gostaria de saber.


TÚNEL MEDIEVAL ATÉ ENTÃO DESCONHECIDO É ENCONTRADO POR ACASO NO PAÍS DE GALES

Datada do século 12, a trilha subterrânea segue o caminho de um riacho em Monmouthshire

ALANA SOUSA PUBLICADO EM 04/03/2021, ÀS 13H3


Na vila de Tintern, localizada no País de Gales, técnicos de uma companhia elétrica encontraram, por acaso, um sistema de túnel da Idade Média. A informação foi divulgada na manhã desta quinta-feira, 4, pela BBc.

Os trabalhadores da empresa Distribuição de Energia Ocidental estavam trocando um poste em uma propriedade privada quando perceberam algo estranho no solo. Suspeitando  que pudesse ser algo muito maior do que imaginavam, contataram a Cadw, responsável por cuidar do patrimônio histórico e cultural do país.

Allyn Gore, que liderava a equipe de técnicos contou à BBC que “nada apareceu em nenhum de nossos desenhos ou registros para indicar que havia algo incomum no local”. E acrescentou que “logo após o início dos trabalhos de escavação, a equipe de escavação fez a extraordinária descoberta do que inicialmente pensaram ser uma caverna”.

Após algumas inspeções arqueológicas, os especialistas concluíram que se tratava de um túnel medieval desconhecido, datado do século 12. Escavada próximo ao riacho Angiddy, a passagem subterrânea mede 122 centímetros de altura e parece seguir o caminho do rio.

Ainda que os arqueólogos tenham revelado informações iniciais importantes, o trabalho completo de escavação pode levar anos, como explicou Gore.