Óbvio que esta crítica não se aplica a todos os signatários da carta aberta assinada por algumas centenas de economistas e gestores, que foi publicada na semana passada, e que pede ações mais efetivas e rápidas contra a pandemia do Coronavírus. Muitos deles já defendem ideias que constam na carta, e até mais avançadas que elas, e há pelo menos um ano.
Mas vários não. Luis Stulhberger está no artigo abaixo, veiculado pela Carta Capital. Mas o que me estranha não é que ele diga que não votará mais em Bolsonaro, mas que ele tenha acreditado em algo que nunca existiu, porque, qual a proposta de Bolsonaro?
Pessoalmente perdi meu tempo lendo o livreto cheio de baboseiras ideológicas, e metas vazias, exatamente como é o discurso atual do Presidente. Era algo assim:
"Temos 65.000 assassinatos por ano no Brasil: vamos diminuir isso aí"
Como, com que recursos (financeiros, pessoal, etc.), qual a legislação será aplicada?
Nada era colocado, nada era esclarecido, nada era detalhado. Não havia plano, apenas promessas vazias de campanha, ou discurso ideológico de direita, com pinceladas de extrema-direita.
Mas além disso, Bolsonaro se reuniu com empresários e gestores de grandes empresas e nessas oportunidades atacou negros, mulheres, homossexuais, etc. Foi ovacionado na maioria das vezes, e riram de suas tiradas criminosas, que pretendiam ser "engraçadas". Essas passagens foram amplamente divulgadas por parte da mídia, e também nas redes sociais e canais de youtube.
Isso sem falarmos de seu histórico, com entrevistas onde afirmava querer dar golpe de estado, matar 30.000, homenagear a ditadura militar, torturadores, e ele e seus filhos defenderem e darem honrarias de estado a assassinos e membros de grupos criminosos.
Com tudo isso, não apenas o gestor desse fundo financeiro, mas inúmeros outros como ele, como também o Sr. Fernando Henrique Cardoso (nem sei se ele assinou a carta), por exemplo, de onde tiraram que Bolsonaro tinha um plano de governo? De onde tiraram que ele faria algo de útil para a população brasileira, ou para o avanço civilizatório do país?
Tudo bem, vocês se arrependeram, vocês são bem-vindos de volta, mas não deem a entender que foram enganados, porque Bolsonaro nunca fez nenhuma proposta, nunca foi uma pessoa civilizada, nunca foi alguém que eles levassem para suas mesas, e pessoas que ocupam os postos que vocês ocupam não podem se dar ao luxo de serem "enganados" por alguém tão tosco.
Assim como as ideias neoliberais, que lhes são tão caras, e que não são nem de longe criticadas nessa carta, nunca deram certo em nenhum lugar do mundo. Elas são as responsáveis diretas pela imensa crise social e também econômica dos EUA (lembrem-se que os americanos perdem espaço no cenário econômico ano a ano), e um dos motivos da estagnação europeia. E elas são muito responsáveis pela crise social, econômica e sanitária pela qual o Brasil passa.
Mas o pior cego é aquele que não quer ver.
Aproveitem e vejam as esplicações de Mônica de Boulle.
‘Votei em Bolsonaro, mas ele não nunca mais terá o meu voto’, diz o gestor do Fundo Verde
Luis Stuhlberger, porém, sinaliza que votaria em branco em um segundo turno disputado por Bolsonaro e Lula
O gestor do Fundo Verde, Luis Stuhlberger, um dos empresários que assinaram uma carta em que cobram medidas urgentes para enfrentar a pandemia, expôs neste domingo 28 seu descontentamento com o presidente Jair Bolsonaro.
“No ato em que subscrevi a carta, pensei: Estou aqui dizendo: ‘votei em 2018, acreditei na sua proposta, mas você (presidente Jair Bolsonaro) não vai ter mais o meu voto'”, afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
“Se a sociedade brasileira tivesse atendido aos apelos de Bolsonaro, que taxou a pandemia de ‘gripezinha, mi-mi-mi, de vamos levar uma vida normal, todo mundo pega e a gente recomeça sem esse aborrecimento todo’, seriam 7 milhões de brasileiros mortos", acrescentou.