terça-feira, 16 de março de 2021

Policiais abandonam Bolsonaro?

As contradições intrínsecas de Jair Bolsonaro vêm corroendo sua base de apoio mais rapidamente do que se pensa. Quando sua mais fiel base se mostra descontente e começa duras críticas ao Presidente da República, então isso fica muito patente.

Basta ver que Bolsonaro se elegeu prometendo apoio e suporte totais a setores do funcionalismo público, notadamente os ligados às forças de segurança, mas rendeu a administração da economia ao fundamentalismo neoliberal do mercado financeiro brasileiro. São duas coisas antagônicas, mas na equação política de sua manutenção no cargo, Bolsonaro enxerga os interesses de 0,5% (seria tudo isso) da população brasileira, mais importantes do que as necessidades de milhões de trabalhadores e suas famílias.

Talvez ele aposte num efeito positivo de mais uma esmola dada a uma parte ainda mais empobrecida da população, como forma de melhorar e aumentar sua sustentação política.

O problema é que ele não leva em conta que o valor aprovado, que varia de R$ 150 a R$ 375 é irrisório, ainda mais se levarmos em conta que ele já foi de R$ 600. Dessa vez o dinheiro estará ainda mais longe de resolver os graves problemas da população, será incapaz de promover um reaquecimento da economia, atingirá a ainda menos pessoas que no ano passado, mas vem junto com uma conta amarga demais para ser paga pela sociedade. Essa conta era desnecessária de ter sido apresentada, e ainda foi colocada na constituição, o que dificulta sobremaneira para um próximo governo desfazer esse nó.

Policiais acusam Bolsonaro de traição e disparam contra o governo

  

O presidente Jair Bolsonaro enfrentou nesta quarta-feira (10) a mais dura manifestação de policiais desde o início do seu mandato. Dirigentes de 24 entidades que representam as mais diversas categorias policiais se reuniram em Brasília para protestar contra o congelamento de salários, promoções e contratações, prevista na PEC Emergencial, proposta cujo texto-base foi aprovado em primeiro turno ontem pela Câmara. Integrantes da União dos Policiais do Brasil (UPB), eles alegam que, embora estejam na linha de frente de combate à covid, não têm sido tratados como categoria de serviço essencial e acusaram o governo de promover desmanche da segurança pública no Brasil nos últimos dois anos.
Os representantes admitiram que grande parte dos policiais votou em Bolsonaro em 2018, acreditando em seu discurso de combate à criminalidade e de valorização dos agentes de segurança pública. Mas hoje, segundo esses dirigentes, boa parte da categoria está decepcionada e desmotivada por entender que o atual governo não tem compromisso com a área nem com o serviço público em geral. Bolsonaro ignorou os apelos dos policiais, intermediados pela bancada da bala no Congresso, para que eles não fossem atingidos pelos efeitos limitantes da PEC Emergencial. A posição do presidente contrariou deputados governistas ligados aos policiais.

"Não vimos até agora apresentação de nenhum projeto de valorização da segurança pública. Os sinais mandados pelo governo contra a segurança pública são extremamente duros. O Ministério da Saúde, em seu plano de vacinação, priorizou presos em detrimento de policiais, gerando grande revolta nas nossas bases. Enfrentamos índice de contaminação de três a quatro vezes maior que a população comum. Permanecemos na linha de frente do combate à pandemia, pois só se cobra cumprimento das medidas sanitárias através das forças policiais", criticou o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Judiciário (ADPJ), Rafael Sampaio.

"O governo coloca policiais e servidores como moeda de troca e bode expiatório. Os policiais acreditavam que seriam valorizados e estão extremamente desmotivados e decepcionados. É uma PEC da maldade, da destruição da segurança pública do país", disparou o presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobracol), André Gutierrez.

Nenhum comentário:

Postar um comentário