Ótimo texto de José Luis Oreiro veiculado no site da revolução industrial brasileira. Como sempre o link para o artigo completo está no título abaixo. De minha parte farei apenas dois comentários.
O primeiro é que a política heterodoxa do PT foi parcial, e baseada principalmente na entrada de dinheiro estrangeiro, seja em investimentos diretos, seja na exportação dos produtos primários tradicionais da economia brasileira, que tiveram um boom de valorização na primeira década do século, devido a enorme demanda criada pela China. De outro lado o PT praticou juros da taxa selic absurdamente altos, que drenaram a maior parte desses recursos para o setor financeiro/especulativo.
O segundo ponto é quanto ao item (1) das notas de pé de página no final do texto. Verdade que a Previdência foi superavitária até 2015, mas as manobras de bastidores, que criaram a chamada "desvinculação" das receitas da União, fizeram com que não só o superavit conseguido, mas também parte dos recursos que deveriam ser usados para financiar a Previdência fossem drenados para o mesmo setor financeiro/especulativo, o que causou um déficit ilusório nas contas previdenciárias num primeiro momento, e a falta de recursos para cobrir o déficit real quando ele veio a existir.
E este é o início do ensaio. No site da revolução industrial brasileira você encontra mais sobre o assunto.
A sociedade Brasileira enfrenta uma profunda crise econômica, política, social e civilizacional desde 2013. Durante os 10 anos anteriores, a combinação entre um ambiente externo extremamente favorável, na forma de rápido crescimento da economia mundial e elevação dos preços das commodities, do aumento do poder de compra das classes mais desfavorecidas devido ao aumento real do salário mínimo e dos programas de assistência social e do aumento do crédito bancário como proporção do PIB permitiu uma aceleração do crescimento econômico (Ver Figura 1), cuja média móvel decenal alcança o pico de 4,04% a.a precisamente em 2013, um aumento significativo com respeito às duas décadas anteriores.
A partir de 2013, contudo, o ritmo de crescimento da economia brasileira (medido pela média móvel decenal) sofre um processo de desaceleração contínua, alcançando a marca de 1,26% a.a. em 2018, o nível mais baixo para a série iniciada em 1930. Simultaneamente ao processo de forte desaceleração do ritmo de crescimento econômico, a sociedade brasileira passou por uma crise política que culminou no processo de impeachment da Presidente Dilma Roussef em 2016. Muitos esperavam que, uma vez afastada a Presidente da República, seria possível restabelecer condições mínimas de governabilidade e, dessa forma, o crescimento econômico poderia ser restabelecido. Essas expectativas foram frustradas. Embora o governo do Presidente Michel Temer tenha se mostrado capaz de sobreviver às tentativas de investigação de corrupção por parte da Procuradoria Geral da República, e iniciado uma “agenda de reformas” baseadas no documento “Ponte para o Futuro” (elaborado por um grupo de economistas liberais liderados por Samuel Pessôa e Marcos Lisboa), de viés claramente liberal; a retomada robusta do crescimento econômico, cantada em prosa e verso pelos economistas liberais, como o resultado da adoção de uma agenda de reformas, simplesmente não aconteceu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário