domingo, 28 de março de 2021

Mais uma marca tragicamente fúnebre batida

Não sou fã de falar de determinados assuntos, ainda mais num domingo, mas eles precisam ser tratados, e não dá para esperar semanas para isso, então será hoje mesmo, porque não tive tempo antes.
 
Essa semana o Brasil ultrapassou a marca de 300.000 mortos pela pandemia do Covid-19. E é sempre bom lembrar que é um número oficial, já que esses números têm sido maquiados desde início da crise sanitária, e estima-se em números reais bem superiores a esses. Para piorar já ultrapassamos 3.000 mortos diários algumas vezes, e esse número já tende à marca de 4.000 mortos. E para completar, tudo isso é feito enquanto o Governo Federal mais uma vez tenta maquiar ainda mais os números e boicotar a circulação de informações.

O problema é que temos duas vertentes de atuação nesse caso, e em ambas também temos boicotes e sabotagens emanadas de Brasília, mais precisamente do Presidente e de seus asseclas. A primeira delas é a vacinação em massa, que precisa ser feita rápida e amplamente, como forma de minimizar os efeitos da doença, e desafogar os sistemas de saúde público e privado. Mas por mais que ela seja feita de forma correta, ela demora um pouco até ver seus efeitos serem efetivos. Mesmo com o STF já tendo permitido que governadores e prefeitos tomem medidas para agilizar essa parte do combate à pandemia, ainda seria necessária a ajuda do Governo Federal, não apenas financeiramente, mas também como forma de agilizar as ações.

O segundo ponto é a questão do distanciamento social, a forma mais rápida e eficaz de diminuir o número de novos casos, e de conter a propagação do vírus. Mais uma vez vemos o Governo Federal a tomar medidas que boicotam e sabotam as ações tomadas por governadores e prefeitos. Aqui chegamos ao ponto de o Presidente entrar com uma ação no STF, quando obteve uma derrota patética às suas pretensões. Nesse ponto podemos dizer que, como Bolsonaro é um boçal, e jamais conseguimos definir se suas ações são tresloucadas ou estudadas, o Ministro Marco Aurélio simplesmente rejeitou o processo, e não deu nem a oportunidade de correção do erro jurídico contido nele, já que o próprio Presidente o havia assinado, sendo que deveria ter sido o AGU que o fizesse.

E não para por aí, porque enquanto Bolsonaro se reunia com os Presidentes de outros poderes, durante uma sessão de perguntas ao Chanceler Ernesto Araújo sobre o atraso na compra de vacinas, um dos assessores  do Presidente fazia sinais criminosos ao Presidente do Senado. Esses sinais estão ligados ao racismo e aos movimentos de "supremacia branca" da extrema direita internacional. Ou seja, numa reunião na qual se deveria buscar soluções e respostas a um dos mais graves problemas do país na atualidade, um dos asseclas do Presidente voltava a cometer crimes e a provocar os outros poderes (já tivemos outros casos semelhantes). Mesmo depois de o Presidente do Senado ter solicitado a demissão desse assessor, não só o Presidente da República não fez nada até o momento, como tenta minimizar, banalizar a situação.

Bolsonaro não mudará. Ele é um fascista de carteirinha, e apresenta traços claros de psicopatia. Por mais que, vez ou outra, ele diga algo um pouco diferente e mais palatável no seu discurso, suas ações são sempre no sentido de uma ditadura, do retrocesso do processo civilizatório, e não muda a qualidade de seus assessores, porque mesmo quando muda um nome, a ideologia fascista e destrutiva vem junto (o que condiz com suas intensões).

O Brasil tem duas opções a tomar, sendo a primeira mais traumática, e a segunda mais tranquila, mas igualmente efeciente. A primeira é a pura e simples deposição do Presidente através de um processo de impeachment, ou da cassação da chapa no TSE (isso mais difícil). Isso seria mais traumático, ainda mais durante a profunda crise econômica e social pela qual o país passa há anos, e que foi muito aprofundada com a maior crise sanitária da história brasileira.

A segunda é menos traumática, e talvez mais profilática. É que esse pessoal comece a ser preso, que permaneçam presos para evitar fugas e rearticulações, e que seus meios de propagação de informações falsas comecem a ser desarticulados. Existe uma diferença entre opinião e crime, entre ideologia e crime, e essas diferenças não são tênues, elas são bastante claras, elas são previstas em Leis, e essas Leis precisam ser aplicadas com o rigor que o momento exige.

Mas se seguirmos assim, sem ações realmente efetivas, então nossa crise vai se aprofundar ainda mais.



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