segunda-feira, 8 de março de 2021

A pandemia pode ser ainda pior?

O país alcançou ontem a marca de 265.000 mortos por Covid-19. Apesar de a proporção por milhão de habitantes não ser a pior, ela está bem alta, ainda mais se levarmos em conta que há uma importante subnotificação nos números. Nessa semana também tivemos recordes de mortes diárias, com 3 dias apresentando mais de 1.700 mortes/dia, sendo um alcançou 1.910 óbitos.

Um número muito alto, até porque não podemos olhar para ele de forma fria, como se fossem apenas números numa planilha, porque na verdade são vidas perdidas.

O problema é que as projeções, levando em conta até o aumento do número de novos contaminados, a letalidade e capacidade de contaminação das novas cepas, é que esse número pode chegar a 3.000 óbitos diários. Esse número é corroborado por técnicos do Ministério da Saúde.

Apesar disso precisamos atentar para dois fatores que colaboram fundamentalmente para esse aumento absurdo da Covid-19 no Brasil. O primeiro é que, fora um primeiro e curto momento, logo no início da pandemia no país, o Brasil jamais levou a cabo um confinamento verdade. O fechamento de vários comércios sempre foi parcialmente, muitas vezes não é respeitado, e a movimentação irrestrita e não controlada entre as diversas regiões do país facilita a circulação do vírus e a criação no novas cepas.

A segunda situação é que, mesmo as pálidas ações da maioria dos governadores e prefeitos foi sempre sabotada pelo Presidente Bolsonaro e membros de seu Governo. Essa sabotagem se deu por meio de exemplos, mas também por ações oficiais, como a publicação de Decretos que impediam o fechamento de setores econômicos, veto a artigos importantes em Leis aprovadas no Congresso para o combate à pandemia, e até mesmo fazendo campanha explícita contra essas ações, e pela "sublevação" da população contra as já frágeis medidas adotadas.

O quadro do país é esse, mas o que vai acontecer dependerá da resposta, não só da população, mas também da imprensa e de lideranças sociais. Se interesses outros seguirem se sobrepondo aos interesses mais gerais, então seguiremos assim até 2022, mas se houver acordo quanto ao final desses abusos, então haverá a possibilidade de impeachment, e até mesmo de punições mais sérias, tanto ao Presidente, quanto a seus correligionários. 

Mesmo que esses movimentos também já tenham começado a acontecer no exterior, internamente ainda existem muitas diferenças entre os atores políticos que fazem oposição ao atual Presidente, e se essas diferenças não forem ultrapassadas, nada mudará no quadro, e até agora nada indica que elas serão resolvidas. Portanto Bolsonaro até o momento está seguro. O problema  é que o próprio Bolsonaro é o que mais cria insegurança a si mesmo.



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