Ontem o ex-Chanceler, Ernesto Araújo, pediu demissão, e o cargo ficou vago. A decisão veio após forte pressão interna do próprio Ministério das Relações Exteriores, quando uma carta com a assinatura de mais de 300 diplomatas pela troca no comando do Itamaraty.
O outro viés veio do Senado (e também da Câmara). Aqui já existia uma tendência a se cobrar mudanças no MRE, mas essas ainda eram leves, com apenas alguns poucos Senadores mais exaltados. Entre esses Senadores estava a combativa Katia Abreu. Acontece que Araújo, mais uma vez, meteu os pés pelas mãos, e atacou a Senadora de forma vil e equivocada. Isso provocou uma forte reação de Katia Abreu, que foi imediatamente apoiada por vários outros Senadores, entre eles Rodrigo Pacheco, Presidente da Casa, e vários outros políticos. Isso também aconteceu logo após o problema causado pelo supremacista branco, assessor de Bolsonaro, e a pandemia estar atingindo níveis estratosféricos, muito disso por erros do próprio ex-Chanceller.
Ele não resistiu à pressão, e acabou por entregar o cargo. A Folha de São Paulo já indicou os sucessores de vários cargos, incluindo o de Chanceler, mas eles ainda não foram oficializados.
Na mesma toada tivemos alterações no Ministério da Defesa, na Casa Civil (por onde andava ela?), na Justiça, na AGU, Secretaria de Governo, o Comando das 3 Armas, e provavelmente teremos alterações em alguns outros cargos de 2º e 3º escalão.
Temos 2 grandes motivos para as mudanças. O primeiro é que Bolsonaro começou a ser cobrado fortemente por seus erros (principalmente no combate à pandemia, mas também econômicos), e alguns desses ex-colaboradores estariam comentando contra a política que emana do Planalto. Com todo esse movimento o Presidente busca, principalmente aumentar a lealdade a seus propósitos e acalmar o Congresso, mas também busca tornar algumas pastas, que estavam esvaziadas, mais ativas.
O problema é que quem esvazia essas pastas é o próprio Presidente.
Temos alguns problemas nos nomes que ocupam algumas pastas, que deixaram de ter qualquer viés técnico, e passaram a atuar de forma estritamente ideológica.
Mas o maior problema é o próprio Presidente, que descarta colaboradores porque não conseguem resolver os problemas que o próprio Presidente cria. Ele quer mudar o rumo das coisas, mas em cada mudança apenas aprofunda a aplicação de suas toscas ideias.
É assim: o sujeito está com cirrose pelo uso abusivo de algum medicamento. A solução para ele é aumentar a dose do medicamento.
Nunca dará certo, e não é uma questão de torcer contra ou a favor. Se você ler todos os links que coloquei aí, você verá que Bolsonaro pode ter até acalmado momentaneamente forças externas a seu (des)Governo, mas já deixou as sementes plantadas para uma crise ainda mais intensa, e que pode vir muito rápido.
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