A guerra da Ucrânia é o evento que mais chama atenção no momento, mas não é o único evento violento no momento mundial. Atentados, deposições, viradas de extrema-direita em eleições acontecem e o mundo vem virando de cabeça para baixo.
Israel
Começamos com o atentado ocorrido em Tel Aviv. É o sexto em apenas duas semanas, e consolida uma nova onde de terror em Israel. O Primeiro Ministro, Naftali Bennett, deu liberdade de ação às forças de segurança do país para caçar os terroristas e "derrotar o terror". No último atentado, que ocorreu em uma área no centro da cidade que é conhecida pela movimentação noturna, morreram ao menos 2 pessoas, e outras 8 ficaram feridas.
Paquistão
O Primeiro Ministro do Paquistão, Imran Khan, foi deposto. A crise começou quando o Parlamento moveu um voto de desconfiança ao líder de governo, o que foi rejeitado pelo Vice-Presidente. Pouco depois o Presidente do país dissolveu o Congresso paquistanês, mas os congressistas se rebelaram e votaram o afastamento do Primeiro Ministro à revelia, o que foi respaldado pela Suprema Corte do país.
E Khan, que luta para permanecer no cargo, acusa o ocidente, principalmente EUA e UK de interferência no processo político interno, e diz que tem provas do envolvimento da CIA nas decisões do Parlamento e da Suprema Corte, Já o exército paquistanês, que em sua imensa maioria apoia Khan, está em prontidão, e podemos ter confrontos armados pelo país.
Enorme carreata na Alemanha
Uma carreata que alguns estimam em mais de 5.000 veículos ocorreu em Berlim, e foi em favor da Rússia na guerra da Ucrânia. A carreata pode ser apenas o início de protestos mais intensos contra o governo alemão e seu posicionamento de apoio à Ucrânia, já que os alemães já começam a sentir os efeitos desse posicionamento, com os custos da energia, e já há notícias de cidadãos alemães passarem o dia em estações de metrô e supermercados em busca de aquecimento. Também a inflação está "descontrolada" no país já tendo ultrapassado os 7% este ano, o que é um absurdo para os padrões alemães. Acrescentamos um enorme risco de paralisia total da economia alemã, que depende fortemente das fontes de energia importadas da Rússia. Estima-se que cerca de 50% da economia considerada a locomotiva da Europa seria paralisada com o corte do fornecimento de gás, mas o simples aumento drástico das tarifas, que já está acontecendo, já é suficiente para causar um caos nessa economia. Os setores mais afetados são os ligados ao setores petroquímico e fármacos, mas outros setores também se veem ameaçados, como o siderúrgico e de mecatrônica.
Apesar de o governo alemão ter criminalizado manifestações de apoio à Rússia, a tendência esperada por comentaristas mais ligados à geopolítica é que essas manifestações se intensifiquem e se espalhem por outros países europeus. Isso se daria à medida que as populações desses países comecem a sentir mais fortemente os reflexos das políticas implementadas por seus governos, e terem acesso a informações que não sejam filtradas pela chamada mídia otan.
Mudanças e aprofundamentos
Além disso vemos o fortalecimento de alguns governos como foi o caso da reeleição de Viktor Urbán, que esperava-se até que conquistasse uma maioria apertada no Congresso, e assim sua permanência no cargo. Tal não foi a surpresa quando seu partido o União Cívica Húngara conquistou 75% das cadeiras. Urbán não perdeu tempo em cutucar Bruxelas (capital da União Européia) com quem tem divergências devido às reformas nacionalistas que vem promovendo. Para aumentar as dissidências com Bruxelas, Urbán já disse que aceita pagar pelo gás russo em rublos, nova política de venda de seus produtos adotado por Moscou. Além de aumentar as rusgas com Bruxelas, a posição de Urbán fortalece Moscou, ainda que a Hungria não tenha tanta importância no cenário europeu, mas esse início pode incentivar outros estados a aderirem às novas formas de pagamento para o comércio internacional, e isso se concretizando será um enorme golpe no dólar.
Urbán é tido como de extrema direita.
Mas a Hungria pode ser café pequeno nessa história, porque na França, o segundo país em importância na UE, a candidata que também é tida como de extrema direita, Marine Le Pen, não apenas se aproximou do líder nas pesquisas, o atual Presidente, Emmanuel Macron, e praticamente selou sua presença no segundo turno, mas já aparece como a preferência da maioria dos eleitores no segundo turno.
Com teremos um segundo turno, o candidato do establishment francês, e atual Presidente, ainda pode reverter a situação, mas precisará mudar radicalmente seu discurso e posicionamento, porque do contrário a tendência é que tenhamos outro revés na política de um Estado membro da UE, e dessa vez não é um Estado menor.
Mudanças no mundo
Como vemos o mundo pode estar passando por um processo profundo de transformação, onde a maior seria a quebra do padrão dólar para as transferências e comércio internacionais, o que colocaria ainda mais em xeque a atual liderança norte-americana e europeia. Segundo analistas muito mais interados na geopolítica do que eu, a ideia desses movimentos é que surja um mundo multipolar, em que os atuais centros de decisão ainda teriam voz, mas que já não estariam mais sozinhos, com o crescimento de outros centros decisórios de importância pelo mundo, e com a necessidade sempre de negociações mais justas para as decisões político-econômicas.
Mas isso também tem potencial para gerar conflitos armados muito mais sérios do que os que vemos na Ucrânia no momento.
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