segunda-feira, 30 de maio de 2022

Uma entrevista a ser lida pelos brasileiros

O Almirante Gouveia e Melo, Chefe do Estado-Maior da Armada de Portugal, deu excelente entrevista ao Diário de Notícias. Nela o Almirante fala do papel dos militares numa sociedade, de poder marítimo, da importância do desenvolvimento de tecnologia própria, de proteção aos domínios e riquezas nacionais, entre outras coisas.

Aí embaixo um trecho bem pequeno, mas você pode acessar a entrevista inteira no link. Uma entrevista para ser lida por todos os brasileiros, mas principalmente por seus políticos e militares.

E a ideia não é copiar Portugal, mas adaptar aquilo que vemos de bom aos nossos próprios interesses.


"Cabe aos políticos decidir, mas temos de dizer quais as consequências"

Na primeira grande entrevista após ter sido nomeado chefe do Estado-Maior da Armada, o almirante Gouveia e Melo - que se tornou mais conhecido do grande público ao liderar a task force para a vacinação contra a covid-19 - fala da sua estratégia para a Armada, das necessidades de investimento na defesa, da polémica lei da programação militar e como a guerra na Europa recentrou o papel das Forças Armadas e da NATO. Sem fugir à polémica em que esteve envolvida a sua promoção, deixa uma palavra de otimismo aos portugueses no Dia da Marinha.

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A semana passada o governo autorizou a realização de despesa para aquisição de um navio que não existe na Armada, uma plataforma polivalente, mas que tem uma função entre o científico, de emergência, e que pode ter também funções militares. 94 milhões e meio de euros é a verba inscrita no PRR para este navio. Este navio pode ser já um sinal para aquilo que poderá ser a Armada no futuro?

Esse navio é precisamente esse sinal. É o primeiro navio que vai ser desenhado de raiz com um conceito totalmente revolucionário, em que pretendemos envolver a indústria portuguesa, a academia portuguesa, a ciência que se faz em Portugal, para podermos desenvolver no futuro navios do mesmo tipo, mais evoluídos, que possam vir a substituir as fragatas e outras necessidades que temos. Esse navio vai ser multidomínio e que atua nos quatro domínios através do lançamento de drones e de pessoas. Vamos poder transformar o navio de semana a semana, em função das necessidades de cada semana e do local geográfico em que temos de atuar. É um conceito completamente revolucionário e se o conseguirmos fazer, e há todas as condições para isso com a nossa tecnologia, envolvendo a academia, a ciência e a indústria portuguesa, estaremos muito mais preparados para um futuro de médio prazo em que temos de substituir as fragatas e outros navios que estão a chegar ao fim de vida.

Hoje é Dia da Marinha. O que é que pode dizer aos seus homens e mulheres, tendo em conta esses projetos e investimentos?
Posso dizer que temos um futuro que é risonho porque é desafiante, mas Portugal necessita do mar. Somos marinheiros e estamos no mar, somos um dos elementos mais críticos dentro das Forças Armadas para uma afirmação estratégica da nossa liberdade e capacidade de manobra. Não digo que o futuro é risonho, mas digo que é um futuro com esperança e um futuro em que essa esperança tem de ser conquistada. Muitas vezes, pensamos que as coisas nos vão cair ao colo por ações de terceiros, mas não, o que temos de fazer é essa conquista todos os dias. O que penso para a Marinha, para conseguir fazer essa conquista, é conseguir captar a confiança dos portugueses e do governo para essa nova aventura que é a fronteira. A nova fronteira do século XXI é o mar, o espaço ainda está muito por explorar e vai demorar muitos anos, mas o mar está aqui mesmo ao nosso lado. Dois terços do planeta são mar e, portanto, temos de ir para essa fronteira e Portugal nessa fronteira tem, pelas leis internacionais, um domínio gigantesco que é superior ao tamanho da Europa. Se não fizermos nada por isso, outros irão aproveitar as nossas oportunidades.



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