terça-feira, 5 de julho de 2022

A Veja se rende a Ciro?

Não é bem assim. E explico.

A apresentação do Presidente Jair Bolsonaro eu não perdi tempo de ver. Ele não sabe nada, não diz nada, e nada espero daquele vazio gigante que ocupa o espaço destinado a um cérebro.

Mas fui ver a apresentação de Simone Tebet. Não me decepcionei. Ela oferece o mesmo que se oferece ao Brasil há 30 anos, misturado com práticas ainda mais antigas e que atendem única e exclusivamente os interesses das grandes empresas sem que haja contrapartidas obrigatórias, e uma leitura neoliberal da industrialização, que leva a uma dependência do capital estrangeiro.

Isso fica nítido quando em nenhum momento Tebet fala em desenvolver a indústria nacional, mas fala várias vezes em "investimentos estrangeiros". O exemplo, e a experiência industrialista que teve foi em sua prefeitura em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. Nesse período se iniciou uma guerra fiscal no Brasil, onde municípios e estados foram compelidos (ou se dispuseram) a disputar indústrias através de isenções fiscais e subsídios. Apesar dos empregos locais, e de um aumento, principalmente no comércio, tal guerra trouxe poucos benefícios às cidades, mas muitos às empresas que se instalaram nelas. E o problema principal nesse processo é que essas empresas eram, no máximo, de média complexidade, e normalmente significavam apenas transferências de produção de uma região a outra do país, o que aumenta a industrialização local, mas é quase inócua em termos nacionais.

Por último sua apresentação apela constantemente a bordões sentimentais, como melhora de vida, ou bons salários e empregos, mas mesmo quando diz que é a favor da reforma fiscal, de melhorar a qualidade da arrecadação brasileira, ela é apenas superficial, e leva a audiência a promessas de menos impostos. O problema é que todos esses subsídios precisam ser pagos por alguém, e se ela vai simplesmente diminuir impostos, de onde virá esse dinheiro?

Ou seja, é um discurso marcado, agradável de ser ouvido, só que praticamente vazio de conteúdo, porque se compromete com metas maravilhosas, mas em nenhum momento diz com clareza e efetividade como atingirá essas metas. É o discurso padrão do político tradicional, é o discurso sem base do neoliberalismo, que assume o país como um local onde os centros mais avançados do planeta vêm exponencializar seus lucros de um lado, e alongar os lucros advindos de tecnololgias mais antigas por outro.

É o mais do mesmo, mas que agora vem com uma voz feminina. Se você não acredita em mim, basta ver que por várias vezes ela elogiou o desastre político-administrativo imposto por Temer a revelia das Leis, da Constituição e da real vontade do povo brasileiro, e que faz o país patinar desde 2015.

Com tudo isso a apresentação de Ciro acabou por ser bem mais robusta que a de Tebet, acontece que a Veja não se referia ao conteúdo, mas tão somente à repercussão em termos de visibilidade. Ou seja, ela troca a qualidade pela quantidade, algo muito comum em análises rasas, que buscam exatamente a superficialidade.



Ciro Gomes dá banho em Bolsonaro e Simone Tebet no YouTube da CNI

A participação do presidenciável do PDT foi vista por mais de 17 mil espectadores

Por Gustavo Maia Atualizado em 30 jun 2022, 15h38 

O evento da CNI com presidenciáveis nesta quarta rendeu frutos a Ciro Gomes.

O pré-candidato do PDT ao Planalto deu um banho em audiência no YouTube da Confederação Nacional da Indústria nos dois adversários que participaram do evento. Até o momento, mais de 17 mil pessoas já assistiram à participação do ex-governador e ex-ministro. 







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